Cinema e televisão
Como a televisão, o cinema é uma
indústria. Como ela, depende de investimentos, mercados, propaganda. Como ela,
preocupa-se com o lucro, a moda, o consumo.
No entanto, independentemente da
boa ou má qualidade dos filmes, o cinema difere da televisão em um aspecto
fundamental.
A televisão é um meio técnico de
comunicação à distância, que empresta do jornalismo a ideia de reportagem e
notícia, da literatura, a ideia do folhetim novelesco, do teatro, a ideia de
relação com um público presente, e do cinema, os procedimentos com imagens. Do ponto
de vista do receptor, o aparelho televisor é um eletrodoméstico, como o
liquidificador ou a geladeira.
O cinema é a forma contemporânea
da arte: a da imagem sonora em movimento. Nele, a câmera capta uma sociedade
complexa, múltipla e diferenciada, combinando de maneira totalmente nova,
música, dança, literatura, escultura, pintura, arquitetura, história e, pelos
efeitos especiais, criando realidades novas, insólitas, numa imaginação
plástica infinita que só tem correspondência nos sonhos.
Como o livro, o cinema tem o
poder extraordinário, próprio da obra de arte, de tornar presente o ausente,
próximo o distante, distante o próximo, entrecruzando realidade e irrealidade,
verdade e fantasia, reflexão e devaneio.
Nele, a criatividade do diretor
e a expressividade dramática ou cômica do intérprete pode manifestar-se e
oferecer-se plenamente ao público, sem distinção étnica, sexual, religiosa ou
social.
Apesar dos pesares, Benjamin
tinha razão ao considerar o cinema a arte democrática do nosso tempo.
Fonte: CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ed.
Ática, 2000.
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