"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Entendendo nossa democracia: 2. nosso sistema eleitoral




No Brasil, temos dois sistemas eleitorais. No primeiro, o majoritário, elegemos os chefes do Poder Executivo: Presidente, Governador, Prefeito e também os Senadores. Nas eleições presidenciais, para governador e prefeitos de cidades com mais de 200 mil habitantes, o vencedor é aquele que obtém mais de 50% dos votos válidos. Se ninguém conseguir, os dois candidatos mais votados vão para uma segunda eleição, chamada de segundo turno. É fácil de entender, não é? Mas aí vem o outro sistema eleitoral, chamado proporcional, pelo qual elegemos os vereadores e os deputados estaduais e federais. E esse é confuso, viu? 

No sistema proporcional, o total de votos válidos apurados é dividido pelo número de vagas em disputa, obtendo-se o Quociente Eleitoral. Por exemplo, o Rio de Janeiro em 2010 tinha 46  vagas para deputados federais e teve perto de 8 milhões de votos válidos. 8 milhões divididos por 46, dá 174 mil. Esse foi o quociente eleitoral daquele ano para o Rio de Janeiro, guarde esse número ai ó. Naquela eleição de 2010, somando os votos para seus candidatos mais os votos exclusivamente para o partido, o PSOL do Rio de Janeiro, por exemplo, conseguiu 320 mil votos válidos.
Preste atenção agora: dividindo-se 320 mil votos do partido pelos 174 mil do quociente eleitoral, chegou-se em 1,84, que foram arredondados para 2. Pronto. Dois. Esse foi o número de vagas para deputado federal que o PSOL teve em 2010, ou seja, o partido poderia eleger até dois deputados federais no rio de Janeiro. A campeã foi a coligação PP/PMDB/PSC, que podia eleger até 12.
O candidato mais votado do PSOL foi Chico Alencar, com 240 mil votos. E aí funciona assim, ó: o Quociente Eleitoral de 174 mil, lembra lá atrás? Foi subtraído dos 240 mil votos. Sobraram 66 mil votos do Chico Alencar, que foram transferidos para o segundo candidato mais votado do PSOL, um novato chamado Jean Wyllys, que havia obtido míseros 13 mil votos. Ganhando mais 66 mil votos de presente, Wyllys foi para 80 mil, passando à frente de 50 candidatos de outros partidos que tiveram mais votos que ele.
Com a transferência do saldo de Chico Alencar, Jean Wyllys tornou-se o deputado federal eleito com a menor quantidade de votos no país, 13 mil. Você entendeu, hein?

Adaptado de Café Brasil de Luciano Pires

0 Response to "Entendendo nossa democracia: 2. nosso sistema eleitoral "