"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Entendendo nossa democracia: 3. o voto nulo (parte I)



O que precisa ficar claro é o seguinte: não são apenas os mais votados que são eleitos. Por isso os partidos buscam celebridades para usar como puxadores de votos e beneficiar outros candidatos.
O resultado é que em 2016, dos 513 deputados federais, só 36 chegaram à câmara eleitos com votos próprios, superando o quociente eleitoral. Os outros 477 chegaram lá ajudados por puxadores de votos. Você aí ó, que votou no Tiririca em 2014, ajudou a eleger mais dois que você nem conhece, cara…
Em outras palavras, seu voto, antes de ir para um candidato, vai para um partido.  

Bem, diante das incertezas, há quem pregue o Voto Nulo como forma de protesto, uma decisão legítima, mas que apresenta duas posturas muito distintas. A primeira é aquela pregada pela Campanha Vote Nulo, que tenta conscientizar a população de que o voto obrigatório não passa de uma falsa democracia, já que entre diversos políticos, nenhum consegue corresponder às expectativas do povo. A Campanha Voto Nulo diz assim: “em nossa sociedade somos obrigados a dar o nosso voto. Muitas vezes o candidato é escolhido não por sua competência política, mas pela falta de boas alternativas ou até mesmo por falta de informação sobre os candidatos. A questão é que, nessa vivida “democracia representativa”, o povo vota em um político inapto a resolver as questões sociais e, sem que se tenha conhecimento, atribui as responsabilidades às mãos de um partido, não do candidato escolhido.  Será que é possível escolher um candidato se este não nos apresenta soluções? Será que é possível escolher um candidato se não nos dão informações para que possamos compará-lo com os outros?
Implantam em nossas mentes que temos o direito de votar (que nos é imposto), que podemos escolher nossos candidatos (sem propostas), que nossos candidatos nos representam (mas na verdade representam um partido), que vivemos em uma democracia (onde não podemos fazer nada além de dar nosso voto obrigatório em um candidato que mal conhecemos, sem podermos participar das decisões tomadas). Não podemos aceitar isso!
O voto nulo é uma forma de negar essa falsa democracia, é uma forma de dizer a esses políticos que estamos fartos de seus discursos vazios, o voto nulo é a manifestação do voto contra a desorganização política.
Votar nulo não é ferir a democracia, muito pelo contrário: é defender a real democracia, onde nós temos voz! É denunciar essa falsa democracia onde não temos nenhuma participação nas decisões. A DEMOCRACIA SÓ EXISTE SE NÓS ENCARARMOS NOSSAS PRÓPRIAS RESPONSABILIDADES! E a busca por um mundo melhor está em nossas mãos!”
Muito bem, essa é a posição da Campanha que prega o Voto Nulo como forma de negar uma democracia de pé quebrado. É uma posição legítima e até respeitável.
A outra posição tem a ver com ignorância mesmo…

Adaptado de Café Brasil de Luciano Pires

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