Karl Marx (Parte 05/07)
- Estamos falando de como Marx via as coisas. Por isso
precisamos tomar como ponto de partida as condições sociais vigentes na Europa
por volta de 1850. E nesse caso, a resposta à sua pergunta é “SIM”, em alto e
bom som. Na grande maioria dos casos, os trabalhadores cumpriam uma jornada de
trabalho de catorze horas dentro de fábricas geladas. E o que ganhavam era tão
pouco, que até crianças e mulheres grávidas tinham de trabalhar. Tudo isto
levou a condições sociais indescritíveis. Muitas vezes, parte do salário era
paga em forma de aguardente barata e muitas mulheres tinham de se prostituir.
Seus clientes eram os respeitáveis cidadãos da cidade. Em poucas palavras: o
trabalho, que deveria ser um símbolo da dignidade humana, transformara o
trabalhador num verdadeiro animal.
- Fico furiosa com essas coisas.
- Marx também ficava. Ao mesmo tempo, os filhos dos
burgueses podiam tocar violinos em salões amplos, aquecidos, depois de terem
tomado um banho reconfortante. Ou então podiam sentar-se ao piano, antes de
saborear um delicioso almoço com quatro pratos principais. Muitas vezes eles
também tocavam violino ou piano à tardinha, depois de um longo passeio a
cavalo.
- Que injustiça!
- Marx também achava. Em 1848, ele publicou junto com
Friedrich Engels o famoso Manifesto comunista. A primeira frase desse
manifesto é a seguinte: “Um fantasma ronda a Europa: o fantasma do comunismo”.
- Puxa… me dá até medo.
- Pois os burgueses sentiram a mesma coisa. E foi então
que o proletariado começou a se rebelar. Você quer ouvir como termina o
manifesto?
- Quero.
- Então vamos lá: “Os comunistas não se importam de
revelar suas idéias e intenções. Eles declaram abertamente que seus objetivos
só podem ser alcançados por meio de uma violenta revolução de toda a ordem
social existente. Que as classes dominantes tremam diante da revolução
comunista. Os proletários não têm nada a perder além de seus grilhões. Eles têm
um mundo a ganhar! Proletários de todo o mundo, uni-vos!”.
- Se as condições de vida eram tão ruins quanto você
falou, eu também teria assinado este manifesto. Mas hoje em dia as coisas
mudaram, não é mesmo?
- Na Noruega sim, mas não em todos os lugares. Ainda há
milhões de pessoas vivendo em condições subumanas. Ao mesmo tempo, essas mesmas
pessoas fabricam coisas que deixam cada vez mais ricos os capitalistas. É isto
que Marx chama de exploração.
- Você poderia explicar um pouco melhor esta palavra?
- Quando o trabalhador fabrica uma mercadoria, ela tem
certo valor de venda.
- Sim.
- Se você descontar do preço de venda da mercadoria o
salário do trabalhador e outros custos de produção, sempre acaba sobrando certa
quantia. Esta quantia Marx a chama de mais-valia, ou lucro. Isto significa
que o capitalista toma para si um valor que na verdade foi gerado pelo
trabalhador. E é isto que Marx chama de exploração.
- Entendo.
- Pode acontecer, então, de o capitalista aplicar uma
parte do lucro em novo capital, por exemplo, na modernização das instalações de
produção. Ele o faz porque quer produzir as mercadorias a preços mais baixos e
espera que, com isto, seus lucros aumentem.
- Sim, isso é lógico.
- Sim, isso parece lógico. Mas Marx dizia que nesse caso,
como em muitos outros, as coisas não aconteciam no longo prazo exatamente como
o capitalista tinha imaginado.
- O que ele queria dizer com isso?
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