Linguagem
Pashedu sob uma tamatreira
Talvez
a Linguagem tenha sido a conquista humana mais importante de todos os tempos.
Podemos pensar na Linguagem de diversas maneiras: como a externalização do
pensamento, como a expressão mais aproximada da essência espiritual humana, como
uma manifestação cultural ou, simplesmente, como uma forma de comunicação. Por
ser mais acessível a nós no momento, tomemos a linguagem neste último sentido
mais trivial, isto é, como a pura transmissão de ideias, pensamentos, emoções e
sensações a um outro - o que chamamos de comunicação.
A
linguagem assim compreendida pode assumir diversas formas: a música, a
matemática, a escrita, a fala, a mímica. Talvez a forma de linguagem mais comum
a todos os seres humanos seja a fala, pois é uma forma de comunicação bastante
rápida e eficaz, que aprendemos desde muito cedo. No entanto, em qualquer
linguagem podemos encontrar certos elementos que devem estar presentes para o
efeito da comunicação ser atingido.
Em
primeiro lugar, devemos ter em mente que a linguagem só é possível por meio de
uma generalização conhecida pelo nome de Representação. O intelecto cria um
símbolo e este se põe no lugar do objeto visto ou pensado, este símbolo
torna-se um representante deste objeto, um nome. Uma vez que todos entram num
acordo sobre os nomes dos objetos, isto é, sobre um conjunto de símbolos,
então, a partir daí, têm início uma tentativa de linguagem.
Quando
tentamos aprender uma nova língua, geralmente começamos deste ponto, começamos
aprendendo o nome dos objetos. Os bebês, por exemplo, começam dizendo “Páaa” ou
“Mãaaa”, para apontar para os adultos, criando, assim, uma enorme confusão
sobre quem são efetivamente os seus pais. De início, estes protótipos de
palavras “Páaa” ou “Mãaaa”, que os bebês proferem, servem apenas para
representar os seres grandes que se aproximam deles de vez em quando.
Posteriormente começam a significar “Masculino” e “Feminino” e só depois de
algum tempo designam realmente os pais da criança. Notamos que o símbolo, a
representação, que pode ser uma palavra do tipo “Páaa”, tem um significado, um
conteúdo, que vai mudando de acordo com o tempo e com a situação.
Mas
e o que é um significado, um conteúdo lingüístico? Rapidamente, significado é
aquilo que é apontado pelo símbolo ou pelo nome. Um nome pode apontar para uma
pessoa que conhecemos, mas também pode apontar para um desconhecido, para uma
emoção, para um objeto, para uma ideia ou, ainda, para toda uma complexa teoria
etc. Portanto, dentro da linguagem que quer comunicar algo, um nome só é bem
utilizado quando, ao fazê-lo, todos para quem nos dirigimos conhecem o
significado deste nome. Mas, além dos símbolos, a linguagem também possui
movimento. Ela não é apenas uma série de nomes encadeados, ela também é a
articulação destes nomes na tentativa de expressar ideias inteiras, por
exemplo:
“João e Maria se casaram,
mas é muito provável que eles não continuem juntos por muito tempo.”
Nesta
sentença encontramos palavras que designam nomes (substantivos), mas também
encontramos palavras que indicam ação (verbos), além de outros elementos que
ajudam a transmitir uma ideia bastante clara acerca de um evento e sobre o
prognóstico de futuras ocorrências. Contudo, para uma linguagem que quer
comunicar algo, é essencial, além daquilo a ser comunicado, que também haja
alguém para quem comunicar. Muitas vezes este alguém (o receptor) fica com a
responsabilidade de interpretar (traduzir) os sinais diversos da mensagem.
Temos
quatro elementos essenciais da linguagem: 1º - o sujeito (o transmissor), que
faz uso da linguagem proferindo uma sentença; 2º - a mensagem propriamente,
composta por sinais que são representações diversas; 3º - o significado dos
sinais ou aquilo que se quer representar com eles: objetos, pensamentos, ações,
estados possíveis passados, presentes ou futuros, emoções, desejos etc; 4º - o
ouvinte (o receptor), ou aquele que recebe a mensagem e que fica com a
incumbência de decifrar os sinais na tentativa de aproximar o conteúdo que ele
obteve na tradução com aquele que ele crê ser o imaginado pelo transmissor.
Da
mesma forma uma pintura, como maneira de comunicar algo, também possui estes
quatro elementos, assim como uma música, uma equação matemática, uma peça de
teatro, um filme, um jornal e tudo o que entendemos por meios de comunicação ou
formas de linguagem. Muitas vezes acreditamos que não conseguimos pensar sem
uma linguagem própria para o pensamento, palavras imaginadas ou imagens
mentais. Outros, no entanto, acreditam que o pensamento e a linguagem são
situações distintas e que não podem ser confundidas. Porém é certo que a
linguagem estrutura e organiza o pensamento dando-lhe uma forma precisa e, em
alguns casos, comunicando-o.
Fonte:
Palavra em Ação.
CD-ROM,
Claranto Editora.
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