Karl Marx (Parte 06/07)
- Marx achava o modo de produção capitalista
contraditório em si. Para ele, o capitalismo era um sistema econômico
autodestrutivo, sobretudo porque lhe faltava um controle racional.
- Quer dizer que no fundo isto era bom para os oprimidos,
não era?
- Podemos dizer que sim. Para Marx, em todo caso, era
certo que o sistema capitalista acabaria perecendo vítima de suas próprias
contradições. Ele considerava o capitalismo “progressivo”, isto é, algo que
aponta para o futuro, mas só porque via nele um estágio necessário a caminho do
comunismo.
- Você pode me dar um exemplo de como o capitalismo seria
autodestrutivo?
- Sim. Dissemos que o capitalista fica com um excedente
de dinheiro e aplica uma parte deste lucro na modernização de sua empresa. É
claro que paralelamente a isto ele tem de pagar as aulas de violino e também
arcar com os custos de certos hábitos caros de sua esposa.
- Sem dúvida.
- Mas isto não é tão importante nesse contexto. O
capitalista se moderniza, portanto; quer dizer, compra novas máquinas e por
isso não precisa mais de tantos empregados. E o faz para aumentar sua
competitividade em relação às outras empresas.
- Entendo.
- Mas ele não é o único que pensa assim. Isto significa
que toda a produção de um setor vai sendo aos poucos racionalizada e se
tornando mais efetiva. As fábricas ficam cada vez maiores e vão caindo nas mãos
de uns poucos. E o que acontece depois, Sofia?
- Hum…
- Cada vez se precisa de menos mão de obra e cada vez
mais trabalhadores ficam desempregados. Em decorrência disso agravam-se os
problemas sociais. Tais crises, nos diz Marx, seriam o sinal de que o
capitalismo estaria se aproximando de seu fim. Mas Marx vê ainda outros traços
autodestrutivos no capitalismo. Para aumentar a margem de lucro ligada aos
meios de produção, sem diminuir a mais-valia que garante a produção a preços
competitivos… o que faz o capitalista, hein? Será que você sabe me dizer?
- Não, não sei.
- Imagine que você possui uma fábrica, as finanças não
vão muito bem e você corre perigo de abrir falência. O que você pode fazer para
economizar dinheiro?
- Posso baixar os salários, por exemplo.
- Muito inteligente! Isto seria realmente a coisa mais
inteligente que você poderia fazer. Mas se todos os capitalistas forem tão
espertos quanto você, e eles são, os trabalhadores vão ficar tão empobrecidos
que não terão dinheiro para comprar mais nada. Falamos, neste caso, de uma
queda do poder aquisitivo de uma sociedade. E então entramos num círculo
vicioso. Marx achava que a propriedade privada capitalista estava com os dias
contados e que a situação descrita acima estava bem próxima de uma situação
revolucionária.
- Entendo.
- Para resumir: Marx acreditava que, no fim, os
proletários iam acabar se rebelando para tomar o poder sobre os meios de
produção.
- E depois?
- Segundo Marx, o resultado disso seria o surgimento de
uma nova sociedade de classes, na qual o proletariado subjugaria à força a
burguesia. Esta fase de transição Marx a chama de ditadura do proletariado.
Depois disso, acreditava ele, a ditadura do proletariado daria lugar a uma sociedade
sem classes, o comunismo. E esta seria uma sociedade na qual os
meios de produção pertenceriam “a todos”, isto é, ao povo. Em tal sociedade,
“cada um trabalharia de acordo com sua capacidade e ganharia de acordo com suas
necessidades”. O trabalho pertenceria ao próprio povo e terminaria, assim, a
alienação.
- Isto soa muito bonito. Mas foi mesmo o que aconteceu?
Não houve uma revolução?
- Sim e não. Os cientistas econômicos de hoje provam que
Marx estava enganado em vários pontos importantes, inclusive em suas análises
das crises do capitalismo. Marx também não prestou a devida atenção à
exploração da natureza, que para nós é cada vez mais ameaçadora. Apesar disso…
- Sim?
- Apesar disso, o marxismo provocou grandes
transformações. Não há dúvida de que o socialismo, que se baseia em Marx
em sua luta pela igualdade social, apesar de não concordar com tudo o que ele
disse e apesar de rejeitar a ditadura do proletariado, por exemplo, conseguiu a
muito custo chegar a uma sociedade mais humana. Na Europa, pelo menos, vivemos
hoje numa sociedade mais justa e mais solidária do que viviam as pessoas na
época de Marx. E não podemos negar que devemos isso ao movimento socialista
como um todo.
- Dá para explicar um pouco melhor este movimento
socialista?
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