O realismo da Filosofia nascente
Estudamos até aqui a figura do
sujeito do conhecimento. Passaremos, agora, ao objeto do conhecimento. Convém,
no entanto, fazer uma observação preliminar, pois essa seqüência, indo do
sujeito ao objeto, não foi sempre aquela seguida pela Filosofia.
A maneira como tratamos o conhecimento
até este momento poderia sugerir que a Filosofia teria começado indagando como
nossa razão pode conhecer a realidade. Mas não foi assim que tudo começou.
Iniciar pelo sujeito do conhecimento é algo novo na Filosofia, algo que
aconteceu a partir do século XVII, com o que chamamos de racionalismo clássico,
cujo ponto de partida era a indagação: Pode nosso pensamento alcançar a
realidade?
Até o século XVII, porém, não
era essa a indagação filosófica principal.
Desde os gregos, partia-se da
afirmação da existência da realidade e de que ela poderia ser conhecida
verdadeiramente pela razão ou pelo pensamento. A pergunta filosófica era: O que
é a realidade? Por isso, costuma-se dizer que a Filosofia nasceu como um realismo
e desse realismo surgiu a metafísica. Veremos, mais adiante, como os problemas
metafísicos acabaram fazendo a Filosofia mudar sua pergunta (passando a
indagar: “Como podemos conhecer a realidade?”) e dar à teoria do conhecimento,
ou ao estudo do sujeito do conhecimento, o lugar predominante que já
examinamos.
Fonte: CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ed.
Ática, 2000.
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