Planos Econômicos
Cruzado. O plano faz uma reforma monetária:
corta três zeros do cruzeiro e o substitui por uma nova moeda, o Cruzado.
Congela os preços e os salários, pelo valor médio dos últimos doze seis meses
acrescido de um abono de 8%. Prevê, ainda, o chamado “gatilho salarial”: toda
vez que a inflação atingir ou ultrapassar os 20%, os assalariados têm um
reajuste automático no mesmo valor e as diferenças negociadas nos dissídios. O
Plano Cruzado extingue a correção monetária, institui o seguro-desemprego e
cria o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) para corrigir a poupança e
aplicações financeiras superiores a um ano.
Cruzado 2. Adotado logo após as eleições de 86,
em 21 de novembro, esse plano descongela os preços de produtos e serviços,
libera os preços dos aluguéis para serem negociados entre proprietários e
inquilinos e altera o cálculo da inflação, que passa a ser medida com base nos
gastos das famílias com renda até 5 salários mínimos. O plano provoca um
aumento generalizado de preços. A inflação dispara e a população perde a
confiança no governo. Cinco meses após sua edição o ministro da Fazenda Dilson
Funaro é substituído por Luís Carlos Bresser Pereira.
Plano Bresser. Bresser assume o ministério em 29 de abril de
87. A inflação do mês seguinte chega a 23,6%. Esse recorde é alimentado pelo
déficit público, já que o governo gasta mais do que arrecada. Em junho Sarney
decreta o congelamento de preços, aluguéis e salários por três meses. Para
conter o déficit, elimina o subsidio ao trigo e adia grandes obras pública já
planejadas. Não obtém resultados e, no final do ano, a inflação chega a 366%.
Em 6 de janeiro de 88, o ministro Bresser é substituído por Maílson da Nóbrega.
“Feijão com Arroz”.
Conviver com a inflação sem adotar políticas drásticas, mas apenas reajustes
localizados para evitar a hiperinflação. A inflação para os 366% de 87 para
933% no final do ano de 1988.
Cruzado Novo. Em 15 de
janeiro de 89 Maílson apresenta um novo plano econômico: cria o cruzado novo; impõe
outro congelamento geral; acaba com a correção monetária; propõe a privatização
de diversas estatais e anuncia vários cortes nos gastos públicos. A inflação
dispara: de fevereiro de 89 a fevereiro de 90, chega a 2.751%.
Plano Collor. O Plano
Brasil Novo reintroduz o cruzeiro em substituição ao cruzado novo, bloqueia por
18 meses os saldos das contas correntes, cadernetas de poupança e demais
investimentos superiores a Cr$ 50.000,00. Os preços são tabelados e
gradualmente liberados. Os salários são pré-fixados e depois negociados entre
patrões e empregados. Aumenta impostos e tarifas, cria novos tributos e
suspende incentivos fiscais não garantidos pela Constituição. Anuncia corte nos
gastos públicos e redução da máquina do Estado pela demissão de funcionários
públicos e privatização de empresas estatais. O plano também prevê a abertura
do mercado interno, com a redução gradativa das alíquotas de importação.
Plano Collor 2. A inflação volta a subir em meados de 90. Em
31 de janeiro de 9l é decretado o Plano Collor 2. Para controlar a ciranda
financeira, acaba com as operações de overnight. Adota uma política de juros
altos e tenta desindexar a economia com novo congelamento de salários e preços.
Cria também um deflator para contratos com vencimentos após 1º de fevereiro.
Para incentivar a concorrência no setor industrial, dá início ao cronograma de
redução das tarifas de importação. A inflação de 91 baixa para 481%.
Os Resultados dos Planos. O Censo do IBGE de 1991 indica que a renda per
capita do brasileiro caiu 5,6% em relação a 1980. A política de salários
vigente no país contribui para a multiplicação da pobreza. Dados do IBGE
mostram que dos 67,2 milhões de pessoas com mais de 10 anos que trabalham,
apenas 5,8% ganham acima de dez salários mínimos. A maioria dos trabalhadores,
63%, recebe até três salários mínimos, sendo que 29,5% ganham, no máximo, um
salário. Um dos reflexos dessa situação é o aumento da população favelada nas
grandes cidades. Há 20 anos, apenas 1% da população paulistana vivia em
favelas. No início dos anos 90, a população favelada da cidade sobre para 20% e
representa cerca de 2 milhões de pessoas.
Fonte:
CLIO História: Textos e Documentos
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