"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Ironia e Filosofia (Parte 01/10)


Quem são os carcereiros, quem são os cativos? Poder-se-ia dizer que, de algum modo, todos nós estamos presos. Os que estão dentro das prisões e os que estamos fora delas. São livres, acaso, aqueles que são prisioneiros da necessidade, obrigados a viver para trabalhar porque não podem dar-se ao luxo de trabalhar para viver? E os prisioneiros do desespero, que não têm trabalho nem o terão, condenados a viver roubando ou fazendo milagres? E os prisioneiros do medo, acaso somos livres? E acaso não somos todos prisioneiros do medo, os de cima, os de baixo e também os do meio? Em sociedades obrigadas ao salve-se quem puder, somos prisioneiros, os vigias e os vigiados, os eleitos e os parias. (GALEANO, 1999, p. 110)

violência policial contra manifestantes no campo

Ironia e Filosofia

Observando o mundo à nossa volta, vemos que todos somos prisioneiros: os filhos abastados vivem atrás das grades dos condomínios, cercados de seguranças; os filhos dos pobres são prisioneiros da violência nas ruas, nos sinaleiros, onde vendem bugigangas. E todos ouvem falar que a Sociedade Moderna é aquela que melhor realizou o ideal de liberdade defendido há duzentos e vinte e um anos pela Revolução Francesa. Como se pode entender neste contexto a afirmação da liberdade? Não é irônico que aqueles que se dizem livres por ter atingido o ideal de liberdade proposto pela sociedade capitalista sejam também prisioneiros do medo e da violência? O que podemos aprender com esta situação?


Texto produzido por Ademir Aparecido Pinhelli Mendes para a Secretaria de Estado da Educação do Paraná.

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