"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Ironia e Filosofia (Parte 09/10)

Chico Buarque, Paulinho da Viola e Caetano Veloso - anos 70

A Ironia na Música

A ironia não é privilégio da filosofia. Ela ocorre na literatura, na música, na comédia. Sua característica principal é remeter-se a uma determinada situação social para interrogá-la.
Para entender a utilização da ironia na música podemos nos remeter a um período histórico do Brasil bastante recente. O período da ditadura militar que foi de 1964 a 1984. Durante boa parte desta fase de nossa história os cidadãos eram proibidos de expressar seus pensamentos a respeito da política, da economia e até da sexualidade. Neste período as obras de arte como filmes, novelas e músicas eram censuradas pelo poder público. Assim como Sócrates na Grécia antiga, no Brasil muitas pessoas foram presas, exiladas e mortas por insistirem em defender o direito a liberdade de pensamento. Como Sócrates, algumas músicas utilizaram a ironia como forma de questionar aqueles que se afirmam pelo poder da força física e não pela qualidade de seus argumentos. Podemos citar Chico Buarque de Holanda, cantor e compositor que no período da ditadura utilizou a música como forma de se engajar na luta contra a ditadura. A esse tipo de música podemos denominar “arte engajada”. A música “Acorda amor” é um exemplo do engajamento da arte nas questões sociais e políticas do Brasil.

Acorda amor
Eu tive um pesadelo agora
Sonhei que tinha gente lá fora
Batendo no portão, que aflição
Era a dura, numa muito escura viatura
Minha nossa santa criatura
Chame, chame, chame lá
Chame, chame o ladrão, chame o ladrão

Composição: Leonel Paiva/Julinho da Adelaide (Chico Buarque de Holanda). http://chico-buarque.letras.terra.com.br/

0 Response to "Ironia e Filosofia (Parte 09/10)"