Recapitulando...
No caminho que fizemos até aqui notamos que a Filosofia e a
razão estão na História e possuem uma história. Notamos também que as respostas
filosóficas aos dilemas criados pelo inatismo e pelo empirismo se transformaram
em novas dificuldades e novos problemas. Vimos, finalmente, que as concepções
contemporâneas da razão são tão radicais que chegamos a indagar se ainda
poderíamos continuar falando em razão.
A essa indagação procuramos responder mostrando que a
permanência da razão se deve ao fato de considerarmos que a realidade (natural,
social, cultural, histórica) tem sentido e que este pode ser conhecido, mesmo
quando isso implique modificar a noção de razão e alargá-la.
Dissemos também que a razão permanece porque a própria
razão exige que seu trabalho de conhecimento seja julgado por ela mesma, e que,
para esse julgamento da racionalidade dos conhecimentos e das ações, a razão
oferece dois critérios principais:
1. o critério lógico da coerência interna de um
pensamento ou de uma teoria, isto é, a avaliação da compatibilidade e da
incompatibilidade entre os princípios, conceitos, definições e procedimentos
empregados e as conclusões ou resultados obtidos;
2. o critério ético-político do papel da razão e do
conhecimento para a compreensão das condições em que vivem os seres humanos e
para sua manutenção, melhoria ou transformação.
Fonte: CHAUÍ, Marilena. Convite
à Filosofia. São Paulo: Ed. Ática, 2000.
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