A preocupação com o conhecimento
O conhecimento e os primeiros
filósofos
Quando estudamos o nascimento da
Filosofia na Grécia, vimos que os primeiros filósofos – os pré-socráticos –
dedicavam-se a um conjunto de indagações principais: Por que e como as coisas
existem? O que é o mundo? Qual a origem da Natureza e quais as causas de sua
transformação? Essas indagações colocavam no centro a pergunta: o que é o Ser?
A palavra ser em
português, traduz a palavra latina esse e a expressão grega ta onta.
A palavra latina esse é o infinitivo de um verbo, o verbo ser. A
expressão grega ta onta quer dizer: as coisas existentes, os entes, os
seres. No singular, ta onta se diz to on, que é traduzida por: o
ser. Os primeiros filósofos ocupavam-se com a origem e a ordem do mundo, o kosmos,
e a filosofia nascente era uma cosmologia. Pouco a pouco, passou-se a indagar o
que era o próprio kosmos, qual era o fundo eterno e imutável que
permanecia sob a multiplicidade e transformação das coisas. Qual era e o que
era o ser subjacente a todos os seres. Com isto, a filosofia nascente
tornou-se ontologia, isto é, conhecimento ou saber sobre o ser.
Por esse mesmo motivo,
considera-se que os primeiros filósofos não tinham uma preocupação principal
com o conhecimento enquanto conhecimento, isto é, não indagavam se podemos ou
não conhecer o Ser, mas partiam da pressuposição de que o podemos conhecer,
pois a verdade, sendo aletheia, isto é, presença e manifestação das
coisas para os nossos sentidos e para o nosso pensamento, significa que o Ser
está manifesto e presente para nós e, portanto, nós o podemos conhecer.
Todavia, a opinião de que os
primeiros filósofos não se preocupavam com nossa capacidade e possibilidade de
conhecimento não é exata. Para tanto, basta levarmos em conta o fato de
afirmarem que a realidade (o Ser, a Natureza) é racional e que a podemos
conhecer porque também somos racionais; nossa razão é parte da racionalidade do
mundo, dela participando.
Fonte: CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ed.
Ática, 2000.
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