Estética
A
Estética é tida, atualmente, como a busca pelo conhecimento do Belo, da Beleza.
Em seu sentido mais geral, “Estética” se refere a tudo o que aparece ou, em
outras palavras, a tudo o que pode ser percebido por meio da percepção
sensorial. Em filosofia, Estética é um campo de estudo que investiga as
possibilidades teóricas do mundo sensorial enquanto objeto de manipulação e
criação artística. A Estética faz uso do ideal de beleza (o Belo), assim como
as artes em geral, mas, ao contrário delas, trata este ideal como um objeto de
estudo e não como um fim a ser perseguido e alcançado.
O
conceito do Belo não se confunde com as suas manifestações particulares, porém
estas trazem um pouco dele, sem o qual, não serviriam para a admiração. Esta
admiração é um estado de contemplação sensível que traz consigo algo novo, algo
que está para além do mero olhar, que está para além do mero ‘ver comum’ do
dia-a-dia. Este algo é justamente a criatividade do artista, unida à sua
sensibilidade, que é capaz de traduzir a realidade de uma maneira absolutamente
atraente, de maneira a se poder perceber nesta realidade um estado diferente
das coisas.
Este
novo estado de coisas, que ou já se encontrava na realidade de maneira
escondida ou que foi inserido na obra pelo gênio artístico, comunica ao
observador uma mensagem, muitas vezes, incompreensível em termos intelectuais,
mas absolutamente coerente em termos estéticos. Diante de um quadro como a
Monalisa, de Leonardo Da Vinci, por exemplo, percebemos uma situação bastante
banal, em que uma mulher se apóia sobre o braço e lança, àquele que a observa,
um sorriso singelo e um tanto libidinoso. Aparentemente nada há além de cores e
formas conhecidas, contudo nos sentimos tentados a continuar observando o
quadro para buscar algo que está, a um só tempo, visível e invisível, e que é
justamente o Belo.
Assim,
nas artes está a máxima manifestação da contradição estética: utilizam o
concreto e o material para representar um conceito, uma Idéia. Porém esta
idéia, por sua essência mesma, não pertence ao mundo sensorial. Na Monalisa, a
beleza se manifesta no rosto, na pose e no suave movimento de um sorriso
estático. Mas todos estes elementos unidos não podem ser identificados com a
idéia geral de beleza. Estes elementos somente materializam um exemplo
particular de beleza, assim como outras tantas obras de arte. Quem pode dizer,
então, que a beleza já estava no modelo que serviu de inspiração para o quadro?
Ou que estava já no gênio criador do artista? Ou, ainda, que se encontra,
somente, nos olhos de alguns que são capazes de vê-la enquanto outros não podem
ter este deleite?
Sem
nos perdermos em conjecturas, podemos resolver esta questão transferindo a
noção do Belo do objeto para o sujeito: ele passa de um Ideal a ser perseguido
para uma vivência ou experiência estética. Ao invés de sairmos em busca do Belo
em si mesmo, passamos a fabricar o Belo, a produzi-lo por assim dizer. Notamos
que o ser humano tem necessidade de contemplar e admirar suas obras, mas esta
contemplação e admiração podem recair sobre um processo e não necessariamente
sobre um objeto. A vivência estética é esta contemplação e admiração que
ocorrem durante o desenrolar de um processo que se dá no âmbito do humano.
Portanto o Belo ocorre sem que, necessariamente, um exemplo concreto particular
dele esteja presente. O ser humano pode se admirar do seu trabalho futuro, de
sua vida presente, de suas idéias passadas, e isto já traz uma contribuição
para a idéia do Belo enquanto processo estético. A beleza pode estar presente
em todas estas relações abstratas que o homem mantém, no tempo, com o mundo,
sem necessariamente, estar presente um objeto particular que corporifique estas
relações e a beleza que possa estar inserida nelas.
Há
três pontos de vista a serem considerados quando o assunto é Estética: o
primeiro é o do artista, cujo trabalho pode possuir vários tipos de compromisso
como, por exemplo, um compromisso social, um compromisso religioso, um
compromisso educativo, um compromisso informativo etc - todos eles, no entanto,
não escapam do compromisso com o Belo. Mas há, também, o ponto de vista daquele
que contempla a obra de arte, neste caso o maior compromisso é com a admiração
estética, isto é, com a busca daquele valor universal de beleza que não se
reduz à obra, mas que pode estar inserido nela. E o terceiro ponto de vista é o
do filósofo, que tenta se colocar fora destes dois pontos de vista anteriores
para traçar uma análise racional do movimento artístico.
Fonte:
Palavra em Ação.
CD-ROM,
Claranto Editora.
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