Freud (Parte 06/09)
- Após longos anos de experiências acumuladas no trabalho
com seus pacientes, e também depois de ter analisado os seus próprios sonhos,
Freud afirmou que todos os sonhos são a realização de desejos. Ele dizia que
podemos observar isto claramente nas crianças: elas sonham com sorvetes e
cerejas, por exemplo. Em adultos, porém, acontece com freqüência de os desejos
a serem satisfeitos no sonho aparecerem disfarçados. Isto acontece porque mesmo
quando estamos dormindo uma censura severa continua a determinar o que
podemos nos permitir ou não. Quando estamos dormindo, esta censura, ou
mecanismo de repressão, é mais fraca do que quando acordados, mas ainda é forte
o bastante para desfigurar no sonho os desejos que não queremos confessar nem a
nós mesmos.
- E é por isso que os sonhos têm de ser interpretados?
- Freud mostra que precisamos distinguir entre o sonho,
tal como ele nos vem à lembrança na manhã seguinte, e o seu verdadeiro
significado. As próprias imagens oníricas, quer dizer, o filme ou o vídeo a que
assistimos quando sonhamos, ele as chamou de conteúdo manifesto do sonho.
Mas o sonho também tem um significado mais profundo, que permanece inacessível
ao consciente. E este significado, Freud o chamou de pensamentos latentes do
sonho. As imagens oníricas e seus requisitos são geralmente tiradas do
passado mais próximo, com freqüência dos acontecimentos que vivemos no dia
anterior. Os pensamentos ocultos, porém, vêm de um passado mais remoto; por
exemplo, das primeiras fases de nossa infância.
- Quer dizer que precisamos analisar o sonho para
entender do que ele trata realmente.
- Sim. E os enfermos precisam fazer isto junto com um
terapeuta. Mas não é o médico que interpreta os sonhos. Ele só pode fazer isto
com a ajuda do paciente. O médico entra nessa situação apenas como uma parteira
socrática que ajuda na interpretação.
- Entendo.
- O ato de reformular, de converter os “pensamentos
latentes do sonho” em “conteúdo manifesto do sonho” é chamado por Freud de trabalhar
o sonho. Podemos falar de um “mascaramento” ou de uma “codificação” da
verdadeira ação que se desenrola no sonho. Na interpretação do sonho, temos de
passar por um processo inverso. Temos de desmascarar ou decodificar o
verdadeiro “motivo” do sonho, a fim de podermos descobrir o verdadeiro “tema”
do sonho.
- Você poderia me dar um exemplo?
- Os livros de Freud estão cheios desses exemplos. Mas
nós mesmos podemos inventar um exemplo bem simples e bem freudiano. Quando um
rapaz sonha que sua prima lhe deu dois balões de ar…
- Sim?
- Não espere que eu continue. Você mesma deve tentar
interpretar esse sonho agora.
- Hum… Neste caso, o “conteúdo manifesto do sonho” é
exatamente isto que você disse: a prima dele lhe dá dois balões de ar.
- Continue.
- E você também disse que os requisitos de nossos sonhos
geralmente são tirados das experiências vividas no dia anterior. Portanto, ele
deve ter ido a um parque de diversões no dia anterior, ou então viu no jornal a
foto de dois balões de ar.
- Sim, pode ser. Mas também pode ser que ele tenha apenas
ouvido a palavra “balão” ou visto alguma coisa que o tenha feito lembrar de um
balão.
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