"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)


, cujo nome em grego significa "tudo", assumiu de certa forma o caráter de símbolo do mundo pagão e nele era adorada toda a natureza. Na mitologia grega, Pã era o deus dos caçadores, dos pastores e dos rebanhos. Representado por uma figura humana com orelhas, chifres, cauda e pernas de bode, trazia sempre uma flauta, a "flauta de Pã", que ele mesmo fizera, aproveitando o caniço em que se havia transformado a ninfa Siringe. Sobre seu nascimento há várias versões: dão-no como filho de Zeus ou de Hermes, também como filho do Ar e de uma nereida, ou filho da Terra e do Céu. Teve muitos amores, os mais conhecidos com as ninfas Pítis e Eco, que, por abandoná-lo, foram transformadas, respectivamente, em pinheiro e em uma voz condenada a repetir as últimas palavras que ouvia. Segundo a tradição, seu culto foi introduzido na Itália por Evandro, filho de Hermes, e em sua honra celebravam-se as lupercais. Em Roma, foi identificado ora com Fauno, ora com Silvano. A respeito de Pã, Plutarco relata um episódio de enorme repercussão em Roma ao tempo do imperador Tiberius. O piloto Tamo velejava pelo mar Egeu quando, certa tarde, o vento cessou e sobreveio longa calmaria. Uma voz misteriosa chamou por ele três vezes. Aconselhado pelos passageiros, Tamo indagou à voz o que queria, ao que esta lhe ordenou que navegasse até determinado local, onde deveria gritar: "O grande Pã morreu!". Tripulantes e passageiros persuadiram-no a cumprir a ordem, mas quando Tamo proclamou a morte de Pã ouviram-se gemidos lancinantes de todos os lados. A notícia se espalhou e Tiberius reuniu sábios para que decifrassem o enigma, que não foi explicado. A narrativa de Plutarco tem sido interpretada como o anúncio do fim do mundo romano e do advento da era cristã.

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