"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Revolta da Chibata


Em 1910, ocorreu uma rebelião militar, a Revolta da Chibata, ocorrida na Marinha. O recrutamento militar era obrigatório e acabava recaindo sobre parte da população mais humilde que não contava com prestígio político para livrá-los do serviço militar obrigatório. O corpo militar ainda tinha uma série de castigos físicos sob seus membros inferiores (soldados, cabos e sargentos). Isto ocorria em ambas as forças: Exército e Marinha. No Exército, os castigos físicos eram menos violentos e ocorriam em menor escala devido a seu caráter popular, boa parte de seu oficialato, principalmente o baixo (tenentes), eram provindos de camadas populares, dessa forma, não ocorria tanto distanciamento entre soldados e oficiais. Já a Marinha sempre foi uma força militar tradicionalmente elitizada, dessa forma, seu oficialato não era provindo de grupos populares e sim de grupos aristocráticos, ocorrendo assim, certo desprezo por parte de oficiais em relação aos soldados. Dessa forma, quase todos os desvios de conduta eram castigados com açoitamentos. Em 1910, após a condenação de Marcelino Rodrigues Meneses a 250 chibatadas com obrigatoriedade do restante dos marinheiros a assistirem ao castigo, esses se revoltaram. Em 22 de novembro de 1910, durante a noite, eles se rebelaram e tomaram o controle do navio Minas Gerais. Outros três navios: São Paulo, Bahia e Deodoro, aderiram ao movimento. Seu líder foi o marinheiro João Cândido. O comandante do Minas Gerais junto com outros oficiais acabou sendo morto e o conflito ganhou dimensões de luta armada ocorrendo morte também do lado dos marinheiros. As reivindicações dos marinheiros eram duas: o fim dos castigos corporais e a melhoria na alimentação. João Cândido enviou por rádio uma mensagem ao Palácio do Catete, sede do governo federal, ameaçando bombardear a cidade caso suas reivindicações não fossem atendidas. O presidente Hermes da Fonseca, sem saída, pois os navios estavam ancorados na Baía de Guanabara, apontados diretamente para o centro da cidade, por iniciativa do senador Rui Barbosa, aprovou uma proposta que atendia os marinheiros e ainda lhe concedia anistia, ou seja, eles não seriam presos. Dessa forma os revoltosos depuseram armas e se entregaram às autoridades. Os castigos corporais foram realmente encerrados, porém, a anistia não ocorreu. Os líderes do movimento foram presos, entre eles João Cândido. As condições no cárcere eram extremamente degradantes e muitos desses líderes morreram na prisão. João Cândido, porém, sobreviveu e acabou absolvido em julgamento realizado em 1912. Faleceu em 1969 e ficou conhecido como o Almirante Negro.
Fonte - blog: nilpost

Foto do Encouraçado Minas Gerais onde ocorreu a Revolta da Chibata

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