Nicolau Maquivel (1469 – 1527)
O pensamento de Maquiavel tem uma importância ímpar nos
estudos políticos pelo fato de ele estabelecer uma nítida separação entre a política e
a ética, bem como por deixar de lado a antiga concepção de política
herdada da Grécia antiga, que visava compreender a política como ela deve ser.
Maquiavel preferia estudar os fatos como eles são na realidade.
Nesse sentido, sua obra teórica constitui uma reviravolta da perspectiva
clássica da filosofia política grega, pois o filósofo partiu "das
condições nas quais se vive e não das condições segundo as quais se deve
viver". Sua teoria desmascarou as pretensões morais e religiosas em
matéria de política. Mas ele - ao contrário do que equivocadamente se difunde -
não pretendia criar um manual da tirania perfeita.
Maquiavel procurava promover uma ordem política inteiramente nova, em que os mais
hábeis utilizassem a religião para governar, isto é, para arrancar o homem à
sua maldade natural e torná-lo bom.
Originário de uma família decadente, mas antiga, teve educação formal e contato
com os clássicos ainda na adolescência. Começou uma carreira no governo da
República de Florença com a queda de Girolamo Savonarolla. Exerceu cargos
governamentais e desenvolveu missões diplomáticas na França, na Santa Sé e na
Alemanha. Sua atividade política e diplomática foi, certamente, a base de seu
pensamento.
Casou com Marietta di Luigi Corsini, com quem teve quatro filhos e duas filhas.
O fim da república, com a volta ao poder da família Médici, levou-o a um exílio
de oito anos, durante os quais escreveu a maior parte de sua obra, da qual se
destaca "O Príncipe", de 1513 (embora só publicado em 1532).
Conseguiu retornar à Florença e entender-se com Lourenço de Médici, ao qual
dedicou "O Príncipe", e se tornou, em 1520, historiador oficial da
cidade-Estado. Ao mesmo tempo desenvolveu obras literárias e teatrais que pouco
tinham a ver com seu pensamento filosófico político, embora revelem sua
inteligência brilhante e seu refinamento estilístico, como na peça "A
Madrágora" e no divertidíssimo conto "Belfegor" - que faz uma
crítica ao consumismo da época, muito atual ainda nos dias de hoje.
Nesse sentido, pode-se compreender Maquiavel como um intelectual renascentista,
cujo conhecimento pretendia abarcar os mais diversos aspectos da realidade,
inclusive a arte - seja teatral ou literária.
Fonte: Enciclopédia Ilustrada da Folha
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