Anarquismo
O principal teórico dessa
corrente socialista foi o russo Bakunin, inspirado nas ideias socialistas de
Proudhon. Seu ponto de partida é a crítica do individualismo burguês e do
Estado liberal, considerado autoritário e antinatural. Como Rousseau, os
anarquistas acreditam na liberdade natural e na bondade natural dos seres
humanos e em sua capacidade para viver felizes em comunidades, atribuindo a
origem da sociedade (os indivíduos isolados e em luta) à propriedade privada e
à exploração do trabalho, e a origem do Estado ao poder dos mais fortes (os
proprietários privados) sobre os fracos (os trabalhadores).
Contra o artificialismo da
sociedade e do Estado, propõem o retorno à vida em comunidades autogovernadas,
sem a menor hierarquia e sem nenhuma autoridade com poder de mando e direção.
Afirmam dois grandes valores: a liberdade e a responsabilidade, em cujo nome
propõem a descentralização social e política, a participação direta de todos
nas decisões da comunidade, a formação de organizações de bairro, de fábrica,
de educação, moradia, saúde, transporte, etc. Propõem também que essas
organizações comunitárias participativas formem federações nacionais e
internacionais para a tomada de decisões globais, evitando, porém, a forma
parlamentar de representação e garantindo a democracia direta.
As comunidades e as organizações
comunitárias enviam delegados às federações. Os delegados são eleitos para um
mandato referente exclusivamente ao assunto que será tratado pela assembleia da
federação; terminada a assembleia, o mandato também termina, de sorte que não
há representantes permanentes. Visto que o delegado possui um mandato para
expor e defender perante a federação as opiniões e decisões de sua comunidade,
se não cumprir o que lhe foi delegado, seu mandato será revogado e um outro
delegado eleito.
Como se observa, os anarquistas
procuram impedir o surgimento de aparelhos de poder que conduzam à formação do
Estado. Recusam, por isso, a existência de exércitos profissionais e defendem a
tese do povo armado ou das milícias populares, que se formam numa emergência e
se dissolvem tão logo o problema tenha sido resolvido. Consideram o Estado
nacional obra do autoritarismo e da opressão capitalista e, por isso, contra
ele, defendem o internacionalismo sem fronteiras, pois “só o capital tem
pátria” e os trabalhadores são “cidadãos do mundo”.
Os anarquistas são conhecidos
como libertários, pois lutam contra
todas as formas de autoridade e de autoritarismo. Além de Bakunin, outros
importantes anarquistas foram: Kropotkin, Ema Goldman, Tolstoi, Malatesta e
George Orwell, autor do livro 1984[i].
Fonte: CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ed.
Ática, 2000.
[i]
Do artigo "Big Brother zangou e nós pagamos o pato",
escrito por Alberto Dines e publicado no Observatório
da Imprensa nº 172, de 15/05/2002: “Para quem não sabe ou esqueceu:
antes de ser nome de reality show, Big Brother é a alcunha da entidade
inventada por George Orwell em 1984,
sua fábula sobre o futuro. Inspirado na máquina de propaganda nazista,
posteriormente aperfeiçoada pelo stalinismo, o rebelde Orwell concebeu na sua
trágica utopia um Grande Irmão, protetor e castrador capaz de controlar acontecimentos,
informações e aniquilar vontades.” [Nota de Pausa para a Filosofia.]
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