Hegel (Parte 07/07)
— A razão se revela sobretudo através da língua. E a
língua é o universo dentro do qual nascemos. A língua norueguesa pode muito bem
sobreviver sem o senhor Hansen, mas o senhor Hansen dificilmente sobreviveria
sem a língua norueguesa. Não é o indivíduo que cria a língua, mas a língua que
cria o indivíduo.
— Acho que concordo com isto.
— Assim como o indivíduo nasce no interior de uma língua,
ele também nasce no interior de um meio histórico. E ninguém tem uma relação
“livre” com este meio. Quem não consegue seu lugar no Estado é, portanto, um
ser “a-histórico”. Você deve se lembrar de que este pensamento foi muito
importante para os grandes filósofos de Atenas. Um Estado sem cidadãos é tão
inconcebível quanto um cidadão sem Estado.
— Entendo.
— Para Hegel, o Estado é “mais” do que o cidadão isolado.
Ele é mais do que a soma de todos os cidadãos. Hegel acha impossível
“desligar-se” da sociedade, por assim dizer. Para ele, quem dá as costas à
sociedade em que vive e prefere “encontrar-se a si mesmo” é um louco.
— Não sei se concordo com ele, mas tudo bem.
— Para Hegel, não é o indivíduo que se encontra a si
mesmo, mas o espírito do mundo.
— O espírito do mundo se encontra a si mesmo?
— Hegel tentou mostrar que o espírito do mundo retorna a
si mesmo em três estágios. Com isto ele queria dizer que o espírito do mundo
passa por três estágios rumo à conscientização de si mesmo.
— Quais são esses estágios?
— Em primeiro lugar, o espírito do mundo se conscientiza
de si mesmo no indivíduo. Hegel chama isto de razão subjetiva. Depois, o espírito do mundo atinge um nível mais
elevado de consciência na família, na sociedade e no Estado. Hegel chama isto
de razão objetiva, pois trata-se de
uma razão que surge na interação entre as pessoas. Mas há ainda um terceiro
estágio…
— Agora estou ansiosa para saber.
— O espírito do mundo atinge a forma mais elevada do
autoconhecimento na razão absoluta. E
esta razão absoluta são a arte, a religião e a filosofia. Dentre elas, a
filosofia é a forma mais elevada da razão, pois na filosofia o espírito do
mundo reflete sobre seu próprio papel na história. Portanto, só na filosofia é
que o espírito do mundo se encontra a si mesmo. Desse ponto de vista, a
filosofia pode ser considerada o espelho do espírito do mundo.
— Isto soa tão místico que vou precisar de um tempo para
conseguir digerir. Mas gostei desta última frase que você disse.
0 Response to "Hegel (Parte 07/07)"
Postar um comentário