Política
Neste
segundo momento do nosso curso de filosofia vamos nos voltar para alguns dos
temas sobre os quais, por um motivo ou por outro, houve um intenso esforço de
pensamento no ocidente: Razão, Arte, Conhecimento, Ciência, Lógica, Linguagem,
Mente, Espírito, Ética, Ideologia, Política, Religião, Estética, Sujeito,
Metafísica e Cultura. Muitas vezes, estes temas encontram-se relacionados uns
com os outros de várias maneiras. Por motivos de simplificação, porém, vamos
tentar isolá-los um dos outros e da história cronológica da humanidade.
Para
nós serão como quadros filosóficos que poderemos observar e apreciar sem um
apego maior à situação em que apareceram. No entanto, na medida em que se
tornar impossível tratá-los assim, faremos referência às suas respectivas
situações ambientais e temporais. O primeiro tema de que trataremos é o da
Política.
Na
medida em que a vida em grupo mostra-se como uma necessidade à qual o ser
humano aparentemente não consegue subtrair-se, automaticamente alguma espécie
de controle organizacional começa a se fazer presente. Geralmente, este
controle mostra-se como uma manifestação de poder coercitivo, ou seja, aquele
que inibe algumas liberdades individuais para que se forneçam as condições
necessárias da vida em grupo. Surge, então, a situação de governante e
governado.
Esta
situação se dá de muitas maneiras e chamamos a estas diversas maneiras pelos
nomes que apontam para a forma política e a forma de governo adotada pela
sociedade, ou imposta a ela por meio da força. Por exemplo, nós possuímos um
regime político que costumamos chamar de democracia (Demo = Povo; Cracia =
Poder), de origem grega, segundo o qual o poder de discussão e decisão é
deixado ao povo (governado), que se manifesta por meio de seus representantes
(governantes), que também fazem parte do povo. Assim, em um sentido ideal, o
próprio povo é o governo; ou seja, o povo é, ao mesmo tempo, governante e
governado. Também é um lugar comum, neste tipo de regime político, se dizer que
“todos são iguais perante a sociedade”, ou “que todos possuem os mesmos
direitos sociais”.
Por
sua vez, os regimes de governo que têm como paradigma o regime político
democrático podem assumir diversas formas, como a forma presidencialista, a
monarquia parlamentar, o parlamentarismo, o anarquismo ou até mesmo a forma
socialista de governo. Todas estas formas de governo, resguardadas as suas
particularidades, devem entregar o poder de decisão ao povo para se manterem
democráticas.
Mas
também há muitas outras formas de governo, como as diversas tiranias, as
monarquias de todo tipo e as ditaduras militares. Elas têm em comum a guarda do
poder nas mãos de poucos, ou de apenas um que, por um motivo ou por outro,
obtiveram o poder. Suas ideologias políticas, em geral, manifestam uma forte
discriminação da sociedade em camadas sociais, ou em castas, impostas por um
poder maior que às vezes é divino, às vezes é hereditário. Estas formas de
governo tomam por base regimes políticos que, na maioria das vezes, são
denominados de Autocracia ou de Aristocracia. E, como podemos facilmente
concluir, seus ideais se opõem aos ideais da democracia.
É
fundamental não se confundir a política, tomada em si mesma, com a filosofia
política. Num tipo de regime de governo democrático, por exemplo, a ‘Política’,
considerada em si mesma, é a prática, a ação que conduz às discussões e às
decisões que uma sociedade deve gerar e criar para que o bem comum seja
alcançado e atendido. Em muitos casos, a política é a saída racional para se
resolver as diferenças, para se amenizar as desigualdades sociais ou para se
dividir o bem público igualmente. Política é, portanto, atuação efetiva dos
cidadãos na vida pública, tendo em vista os ideais de governo aos quais está
submetida
a
sociedade da qual se é parte integrante, com o fim de garantir a preservação
destes ideais. Logo, político é aquele que exercita o seu direito de expressão
pública e a defesa dos interesses da comunidade, da cidade ou do Estado.
A
filosofia trata da política tentando descobrir de que maneira ela pode ser
teorizada. Isto é, ela tenta explicitar quais seriam seus aspectos gerais, mais
simples e fundamentais. Na medida em que estas características forem sendo
sugeridas, os teóricos da política criam explicações tentando convencer o seu
meio social de que elas representam a verdade sobre uma dada situação e de um determinado
povo. É por meio da teoria crítica da política que se pode sugerir quais seriam
os melhores regimes de governo a se adotar, ou quais seriam as mais justas
formas de governo para uma determinada cultura, ou em que situação se pode
manter melhor o controle na sociedade, ou como entender os movimentos sociais,
como greves, passeatas, revoluções, guerrilhas, fome, desenvolvimento econômico
etc.
Fonte:
Palavra em Ação.
CD-ROM,
Claranto Editora.
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