"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Karl Marx e a crítica da sociedade capitalista.



O alemão, filósofo e economista Karl Marx (1818–1883), foi o fundador do materialismo histórico. Foi o primeiro a empregar o termo “classe social”. Em suas obras, Marx sugeria uma ampla mudança na área política, social e econômica. Para ele, o capitalismo alienou o trabalhador dos meios de produção, pois este conhecia apenas parte desse processo; e o alienou da política, propondo que ele fosse representado por outros. Dessa forma um dos conceitos fundamentais na teoria marxista é a alienação.
Marx foi um dos responsáveis, se não o maior deles, em promover uma discussão crítica da sociedade capitalista que se consolidava, bem como da origem dos problemas sociais que este tipo de organização social originou.
Para Marx “a história de todas as sociedades tem sido a história da luta de classes”.

Para este pensador o capital é uma relação social  


"A história de toda a sociedade até hoje", escreve Marx no Manifesto do Partido Comunista (excetuando a história da comunidade primitiva, acrescentaria Engels mais tarde), "é a história de lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, burguesia e trabalhadores, em suma, opressores e oprimidos, estiveram em constante antagonismo entre si, travaram uma luta ininterrupta, umas vezes oculta, aberta outras, uma luta que acabou sempre com uma transformação revolucionária de toda a sociedade ou com o declínio comum das classes em luta”
Mas, como assim, lutas de classe? Quais são elas? Nas sociedades de tipo capitalista a forma principal de conflito ocorre entre suas duas classes sociais fundamentais: a burguesia versus o proletariado.

Você lembra do que comentamos anteriormente em outro texto do blog [acréscimo do professor Tony], como foi que surgiu a chamada burguesia e por que ela ficou conhecida assim ?
Pois bem, segundo Marx, a burguesia foi tendo acesso, a partir da atividade comercial à posse dos meios de produção, enriqueceu e também passou a fazer parte daqueles que controlavam o aparelho estatal, o que acabou, por fim funcionando, principalmente como uma espécie de “escritório burguês”. Com esse acesso ao poder do aparelho estatal, a burguesia foi capaz de usar sua influência sobre ele para ir criando leis que protegessem a propriedade privada (particular), condição indispensável para sua sobrevivência, além de usar o Estado para facilitar a difusão de sua ideologia[1] de classe, isto é, os seus valores de interpretação do mundo.
Enquanto isso, a classe assalariada (os proletários), sem os meios de produção e em desvantagem na capacidade de influência política na sociedade, transforma-se em parte fundamental no enriquecimento da burguesia, pois oferecia mão-de-obra para as fábricas, (as novas unidades de produção do mundo moderno).
Marx se empenhava em produzir escritos que ajudassem a classe proletária a organizar-se e assim sair de sua condição de alienação. Alienado, para Marx, seria o homem que não tem controle sobre o seu próprio trabalho, em termos de tempo e em termos daquilo que é produzido, ou seja, seria o indivíduo expropriado dos meios de produção, coisa que o capitalismo faz em larga escala, pois o tempo do trabalhador e o produto (a mercadoria) pertencem à burguesia, bem como a maior parte da riqueza gerada por meio do trabalho.
O objetivo do sistema capitalista, como modo de produção, é justamente a ampliação e a acumulação de riquezas nas mãos dos proprietários dos meios de produção. Mas de onde sai essa riqueza? Marx diria que é do trabalho do trabalhador.
Exemplo. Quantos sofás por mês um trabalhador pode fazer? Vamos imaginar que sejam 15 sofás, os quais multiplicados a um preço de venda de R$ 300,00 daria o total de R$ 4.500,00. E quanto ganha um trabalhador numa fábrica? Imagine que seja uns R$ 1.000,00, para sermos mais ou menos generosos.
Bem, os R$ 4.500,00 da venda dos sofás, menos o valor do salário do trabalhador, menos a matéria-prima e impostos (imaginemos R$ 1.000,00) resulta na acumulação de R$ 2.500,00 para o dono da fábrica.
Esse lucro Marx chama de mais-valia, pois é um excedente que sai da força de cada trabalhador. Veja, se os meios de produção pertencessem a ele, o seu salário seria de R$ 3.500,00 e não apenas R$ 1.000,00.
Então podemos dizer que o trabalhador está sendo roubado? Não podemos dizer isso, pois o que aqui exemplificamos é conseqüência da existência da propriedade privada dos meios de produção, nas mãos de uma classe, a burguesia.
Devemos partir do entendimento de que as coisas materiais fazem a sociedade acontecer. De outra maneira, seria dizer que tudo o que acontece na sociedade tem ligação com a economia e que ela se transforma na mesma medida em que as formas de produção também se transformam. Por exemplo, com a consolidação do sistema capitalista, toda a sociedade teve que organizar-se de acordo com os novos moldes econômicos.
Marx também via o homem como aquele que pode transformar a sociedade fazendo sua história, mas enfatiza que nem sempre ele o faz como deseja, pois as heranças da estrutura social influenciam-no. Assim sendo, não é unicamente o homem quem faz a história da sociedade, pois a história da sociedade também constrói o homem, numa relação recíproca.
As condições em que se encontram a sociedade vão dizer até que ponto o homem pode construir a sua história.
Por essa lógica podemos pensar que a classe dominante, a burguesia, tem maiores oportunidades de fazer sua história como deseja, pois tem o poder econômico e político nas mãos, ao contrário da classe proletária que, por causa da estrutura social, está desprovida de meios para tal transformação. Para modificar essa situação somente por intermédio de uma revolução, pois assim a classe trabalhadora pode assumir o controle dos meios de produção e tomar o poder político e econômico da burguesia.
Para Marx, a classe trabalhadora deveria organizar-se politicamente, isto é, conscientizar-se de sua condição de explorada e dominada por meio do trabalho (consciência de classe) e transformar a sociedade capitalista em socialista [2] por intermédio da revolução.
Karl Marx foi influenciado pelas ideias de Hegel, denunciou as contradições sociais e propôs formas de superá-las. Marx escreveu junto com Engels “O manifesto do partido comunista”, primeira obra referente ao marxismo ou socialismo científico.
O socialismo científico era uma teoria política e social que previa a vitória dos trabalhadores sobre a burguesia. Para Marx, a sociedade e as estruturas que surgiriam dessa revolução seriam chamadas de comunismo, e o processo de transição do capitalismo para o comunismo seria chamado de socialismo.
O comunismo pode ser entendido como um sistema econômico, político e social que tem por finalidade a criação de uma sociedade sem classes dominantes, ou seja, tudo seria comum a todos, não haveria propriedade privada.

Fonte: Texto “Sociologia – 1º Ano do Ensino Médio” da Profª Bianca Wild





[1] Ideologia: Segundo Marx e Engels, o termo se encaixa na tradução de “falsa consciência”, ou seja, um conjunto de ideias falsas que justificavam o domínio burguês e camuflava a existência da dominação desta classe sobre a classe trabalhadora.
[2] Socialismo: Pressupõe uma sociedade na qual os meios de produção pertençam a todos os seus membros. Para tal, o sistema capitalista deveria ser superado, deixando de existir a propriedade privada e passando a existir a “propriedade coletiva”.

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