Pensar e agir
Ao definir o trabalho humano,
assinalamos um binômio inseparável: o pensar e o agir. Toda ação humana procede
do pensamento, e todo pensamento é construído a partir da ação. A capacidade de
alterar a natureza por meio da ação consciente torna a situação humana muito
específica, por estar marcada pela ambiguidade e instabilidade.
A condição humana é de ambiguidade
porque o ser do homem não pode ser reduzido a uma compreensão simples, como
aquela que temos dos animais, sempre acomodados ao mundo natural e, portanto,
idênticos a si mesmos.
O homem é o que a tradição cultural
quer que ele seja e também a constante tentativa de ruptura da tradição. Assim,
a sociedade humana surge porque o homem é um ser capaz de criar interdições, isto
é, proibições, normas que definem o que pode e o que não pode ser feito. No
entanto, o homem é também um ser capaz de transgressão. Transgredir é
desobedecer. Não nos referimos apenas à desobediência comum, mas àquela que
rejeita as fórmulas antigas e ultrapassadas para instalar novas normas, mais
adequadas às necessidades humanas diante dos problemas colocados pelo existir.
A capacidade inventiva do homem tende a desalojá-lo do "já feito", em
busca daquilo que "ainda não é". Portanto, o homem é um ser da ambiguidade
em constante busca de si mesmo.
E é por isso que o homem é também
um ser histórico, capaz de compreender o passado e projetar o futuro. Saber
aliar tradição e mudança, continuidade e ruptura, interdição e transgressão é
um desafio constante na construção de uma sociedade sadia.
Fonte:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e
MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de Filosofia. São Paulo, Moderna, 2000
(edição digital).
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