"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Pensar a Beleza (Parte 02/12)

Íncubo (1781)
Johann Heinrich Füssli aka Henry Fuseli (1741-1825)



Refletir sobre Beleza

Mas o que faz um objeto (seja ele o corpo ou uma obra de arte) ser belo? A Estética, enquanto reflexão filosófica, busca compreender, num primeiro momento, o que é beleza, o que é belo. A preocupação com o belo, com a arte e com a sensibilidade, próprias da reflexão estética, nos permite pensar, segundo Vásquez em seu livro Convite à Estética, as nossas relações com o mundo sensível, o modo como as representações da sensibilidade dizem sobre o ser humano. Não se trata, portanto, de uma discussão de preferências, simplesmente com o fim de uniformizar os gostos. Então ela não poderá ser normativa, determinando o que deve ser, obrigatoriamente, apreciado por todos. Ela deve procurar, ao contrário, os elementos do conhecimento que permitem entender como funciona o nosso julgamento de gosto e nosso sentimento acerca da beleza, mas numa perspectiva geral, universal, isto é, válida e comum a todos. Ernest Fischer, em sua obra A Necessidade da Estética, mostra que a preocupação com a beleza sempre acompanhou o ser humano desde a fabricação de seus utensílios. O homem dedicou-se não apenas em fabricar objetos simplesmente para um uso prático. Além de serem funcionais esses objetos, por mais primitivos que fossem, demonstravam uma preocupação com a forma. Uma forma que facilitasse o manuseio, a funcionalidade, e que também os tornassem visivelmente agradáveis – enfeites e adornos podiam compor esses objetos para enriquecê-los e torná-los mais atraentes aos sentidos. Essa preocupação estética tinha também uma função mágica e de culto. Objetos, danças, cantos, pinturas, templos, ligados aos mitos e ritos, tinham um objetivo religioso à medida em que poderiam invocar, por meio deles, a ação dos deuses. A beleza, demonstrada nessa preocupação com a forma está, nesse momento, muito ligada ao caráter prático ou mágico dos objetos. (FISCHER, 1987, p.. 42-47)

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