"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Filosofia e Método (Parte 12/13)


A geometria analítica

Segundo o racionalismo de Descartes, o melhor caminho para a compreensão de um problema é a ordem e a clareza com que processamos nossas reflexões. Um problema sempre será mais bem compreendido se o dividirmos em uma série de pequenos problemas que serão analisados isoladamente do todo. Com intuito de ilustrar o alcance do método filosófico para o raciocínio e a busca da verdade, Descartes utilizou o terceiro apêndice de sua obra para a descrição de um tratado geométrico com os fundamentos daquilo que conhecemos hoje como geometria analítica.

Em essência, a geometria analítica pensada por Descartes seria uma tradução das operações algébricas em linguagem geométrica, e a essa nova forma de proceder segue uma enorme crença do autor no novo método como uma forma organizada e clara de resolver problemas de natureza geométrica.

Vejamos como a idéia central do método cartesiano está impregnada nos procedimentos de resolução do seguinte problema geométrico sem uso da fórmula de distância de ponto a reta: determinar a altura relativa ao vértice C do triângulo de vértices A(xa,ya), B(xb,yb) e C(xc,yc).

Dividiremos o problema em 5 problemas menores:

Primeira etapa: determinar a equação da reta que passa pelos pontos A e B.

Segunda etapa: encontrar o coeficiente angular de uma reta perpendicular à reta que passa por A e B.

Terceira etapa: determinar a equação da reta que passa por C e tem o coeficiente angular igual ao encontrado na segunda etapa.

Quarta etapa: encontrar o ponto P de intersecção das retas da primeira e terceira etapas.

Quinta etapa: calcular a distância entre os pontos P e C (a altura do triângulo).

“Sem dúvida, o projeto filosófico de Descartes trouxe inegáveis contribuições para o desenvolvimento da ciência de modo geral e da matemática em particular, contudo vale ressaltar que a fragmentação do conhecimento que dele decorre é um dos mais sérios problemas a serem enfrentados pelo homem contemporâneo.”

(José Luiz Pastore Mello, in: Folha Online - 26/12/2000)

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