Em busca da essência do político (Parte 01/13)
A política pode superar a sua imagem negativa de poder de opressão e corrupção e ser concebida como uma possibilidade de construção de um mundo melhor? O ideal político de bem comum já se realizou algum dia, na materialidade das relações sociais, para além do mundo das idéias e do formalismo das leis?
Diego Rivera. Mussolini, 1933.
Afresco 1.83 x 1.52 m
Nova Iorque, New Workers School.
Afresco 1.83 x 1.52 m
Nova Iorque, New Workers School.
O Preconceito contra a Política e a Política de Fato
É comum que numa conversa sobre política se chegue, rapidamente, à conclusão de que ela nada tem a ver com a ética, em outras palavras, que o poder político e suas realizações não se conduzem por princípios e valores voltados aos interesses coletivos, mas sim, por interesses utilitários de ordem individual ou corporativa, do tipo: “Mas (...) o que eu ganho votando em fulano?”, ou “Votem em mim e eu lhes darei privilégios (...)”.
Essa é a percepção que o senso comum da sociedade tem da política, e seria profundamente ingênuo afirmar que a política não passa por esses descaminhos. No entanto, não é menos ingênuo e preocupante o fato de aceitarmos tão rapidamente essa perspectiva exclusivamente negativa da política como algo óbvio, natural e inelutável.
Em geral, as conversas sobre política enveredam por caminhos que podem parecer interessantes, mas que no fundo são pouco produtivos e frustrantes. Isso se dá porque, estimulados pelos acontecimentos e pelas notícias da imprensa, fazemos questionamentos e afirmações sobre a honestidade ou desonestidade dos políticos; sobre seus salários; negociações supostamente ilícitas; sobre os partidos; tendências; alianças questionáveis; sobre quem será candidato; sobre um projeto que está tramitando e suas possíveis conseqüências. Quase sempre estamos reproduzindo, diga-se de passagem, com poucos ou insuficientes dados e questionamentos, informações veiculadas pelos jornais, pelas rádios ou telejornais, e mesmo aquelas que circulam pela internet.
Em O que é Política?, a pensadora Hannah Arendt escreve sobre a necessidade de avaliar os preconceitos que todos nós temos contra a política, decorrentes, em grande medida, do fato de estarmos alienados da vida política e de não sermos políticos profissionais.
Arendt estabelece duas categorias de preconceitos contra a política: no âmbito internacional – o medo de um governo mundial totalitário e violento; no âmbito local ou interno – a política é reduzida a interesses mesquinhos, particularistas e à corrupção.
Vamos ler e pensar sobre essa questão do preconceito contra a política, a partir de um texto da autora.
Texto produzido por Jairo Marçal para a Secretaria de Estado da Educação do Paraná.
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