"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Em busca da essência do político (Parte 05/13)

Pólis Grega

Os Gregos e a Invenção da Esfera Pública

Dizer que os gregos inventaram a política é um exagero. Afinal, como viviam as outras sociedades e civilizações do seu tempo e também aquelas que os antecederam? É claro que elas também se organizavam politicamente, portanto, a diferença entre os gregos, particularmente os atenienses, e outros povos se deu pela forma da constituição e do exercício do poder.

A organização de uma sociedade pode acontecer de forma coercitiva e a força que a organiza pode ser exterior a ela – um tirano, um rei (monarquia), um grupo (oligarquia), o Estado. Assim, dizer que os gregos inventaram a política significa afirmar que eles inventaram um tipo de política que se diferenciou dos modelos anteriormente existentes. Os gregos inventaram a democracia, ou seja, a esfera pública. Eles criaram instituições que não permitiam que o poder fosse exercido de forma privada, às escondidas, mas obrigavam que ele fosse exercido publicamente. A soberania deixava de ser privilégio de um ou de poucos, para ser exercida pelo povo (demos).

É importante lembrar que a Grécia de hoje pouco tem a ver com aquilo que se convencionou chamar de Grécia da Antigüidade, que não se caracterizava como um Estado unificado, mas como um conjunto de cidades, de comunidades políticas (pólis). A Política, de Aristóteles, pode ser considerada o primeiro estudo de política comparada e foi organizada e escrita, segundo o historiador helenista Moses Finley (2002, p. 115), “a partir de uma análise refinada das instituições políticas existentes; as matérias-primas eram agrupadas em monografias, que ele e os seus discípulos prepararam sobre a história constitucional de 158 comunidades políticas”.

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