"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Em busca da essência do político (Parte 09/13)


A Importância da Retórica para os Atenienses

Um dos grandes méritos da democracia ateniense era o fato que ela não valorizava apenas o resultado final da ação política, ou seja, as decisões tomadas e executadas valorizavam, sobretudo, o processo de constituição e fortalecimento da democracia por meio das assembléias, dos debates públicos e da defesa argumentada das posições dos cidadãos.

Ora, se a autoridade era pública e coletiva, e não privada, se as deliberações se davam coletivamente, então pensar, falar e discutir bem, para poder persuadir o opositor, eram condições absolutamente necessárias à participação na política. Por isso, a retórica ocupava um papel central na vida política de Atenas e estava na base da sua educação.

Wolff afirma que “é notável que essa ligação entre o político e a linguagem está inscrita na instituição mesma da isègoria: todos os homens, e todos os homens igualmente, simplesmente na medida em que falam, estão aptos a viver em comunidade e, precisamente porque falam e podem dizer o justo e o injusto, a participar do poder da referida comunidade”. (WOLFF, 2003, p.40)

Aristóteles argumenta que “o discurso serve para tornar claro o útil e o prejudicial e, por conseguinte, o justo e o injusto. É que, perante os outros seres vivos, o homem tem as suas peculiaridades: só ele sente o bem e o mal, o justo e o injusto; é a comunidade destes sentimentos que produz a família e a cidade”. (ARISTÓTELES, Política, p. 55, 1253ª -10)

A retórica política era o instrumento pelo qual os gregos interpretavam o passado, mas sem apegar-se a ele, e construíam a sua consciência do presente com o objetivo maior de projetar o futuro da comunidade política.

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