"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Pensar a Beleza (Parte 07/12)

Os Comedores de Batata (1885), óleo sobre tela de Van Gogh (1853-1890).
Fundação Vincent van Gogh, Amesterdã.
Observe nessa obra a despreocupação em retratar a beleza,
mas representar o cotidiano de uma família.



A Estética Moderna

A Estética, enquanto uma reflexão própria sobre a beleza surgiu no século XVIII, com o filósofo alemão Baumgarten (1714-1762). Seu surgimento se deu no contexto do Iluminismo, movimento filosófico-cultural ocorrido na Europa, que conhecia naquele momento, os grandes reis absolutistas. Foi contra aos abusos desses governantes que muitos pensadores se rebelaram. O Absolutismo era uma forma autoritária que os reis europeus utilizavam para governar suas nações. Controle absoluto das leis, das atividades econômicas, enfim, nada era feito sem o seu consentimento. A lei era o rei.

A partir da Baixa Idade Média, entre os séculos XIV e XVI, com o crescimento das cidades a Europa sente algumas mudanças. No campo, os moinhos utilizados na estocagem da produção excedente, a rotatividade das terras que agilizava a produção e as feiras nos castelos que estimulavam o comércio, anunciavam que o sistema feudal precisava de mudanças. Na cidade, o avanço do comércio, inclusive entre cidades distantes e com outras nações, o avanço das cruzadas, que acabaram por levar não apenas a fé cristã para outras regiões da Europa, mas ampliaram as possibilidades de negócios, marcaram o surgimento de um novo sistema econômico: o capitalismo. Comerciantes que enriqueciam às custas da venda de excedentes, artesãos que aumentavam sua produção e suas rendas com a contratação de jovens, oriundos do campo que buscavam uma vida melhor nas cidades, surgia, dessa forma, uma classe social peculiar: a burguesia. O renascimento das cidades também estimulou o renascimento do comércio e com essas mudanças a burguesia, classe que impulsionou essas transformações, passou a enriquecer e conquistar espaço na sociedade européia.

Os reis, interessados nessas riquezas e na importância econômica da burguesia, ao mesmo tempo em que protegia seus negócios (com soldados que acompanhavam caravanas e acordos comerciais com outras cidades ou com a cobrança de tarifas alfandegárias, por exemplo), dificultavam o enriquecimento e a participação política dessa classe. Os impostos pagos aos reis e dízimos, à Igreja, impediam a burguesia de crescer política e economicamente. Ao mesmo tempo em que havia certa proteção dos seus negócios pela monarquia também existia uma limitação das suas liberdades políticas e econômicas, pois a burguesia ficava limitada ao poder dos reis.

O Iluminismo europeu veio responder e dar voz a essas exigências sociais. A partir dos ideais de liberdade, igualdade, fraternidade e de direitos políticos, os anseios político-econômicos da burguesia do século XVIII encontravam eco. Mas o Iluminismo não ficou restrito ao plano político e econômico. Ele também lançou suas luzes para a ciência, educação e para as artes.

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