"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Pensar a Beleza (Parte 10/12)

Friedrich von Schiller

Schiller e o Jogo Estético

As idéias do filósofo alemão Schiller também podem nos orientar nessa compreensão da relação entre sensibilidade e razão, entre a experiência sensível e o intelecto, além de clarear o debate sobre a busca tão incisiva da beleza física e dos aspectos sociais e políticos que a discussão estética pode levantar.

Em sua obra Sobre a Educação Estética do Homem em uma Seqüência de Cartas, o filósofo procura mostrar o quanto a valorização da razão não conseguiu realizar o homem em sua completude e dignidade. Essa supervalorização do pensamento racional, ao privilegiar apenas o aspecto intelectual do homem acabou por suprimir a função cognitiva das sensações. Conhece-se apenas pela razão, com as faculdades intelectivas; ou o corpo como um todo também participa do processo do conhecimento?

O ser humano, segundo Schiller, possui duas dimensões que guardam uma certa distância entre si, mas que fazem parte da sua constituição própria: o “(...) estado passivo da sensação (...)” (SCHILLER, 1997, p. 127) e o “...estado ativo do pensamento...” (Ibidem). A primeira dimensão refere-se ao homem determinado física e biologicamente, seguindo as leis da natureza, como por exemplo, seus instintos. Mas o ser humano não se limita a essa determinação natural, ele possui uma outra face, pela qual o seu espírito, sua mente, age e pode exercer a liberdade. É a sua segunda dimensão. Entre as duas, há um estado intermediário: o estado estético e sua função é fazer a passagem da determinação completa da natureza para a liberdade do pensamento. Essa passagem, porém, nunca é completa, ou seja, o homem não deixa suas limitações naturais completamente de lado, nem a razão fica sendo a grande mola propulsora das nossas ações. Permanecemos com certas limitações físicas e sensíveis, mas podemos pensar e decidir sobre a vida, sobre nossas ações, isto é, podemos escolher. Por isso temos liberdade moral e podemos conhecer, ou seja, ter acesso à verdade.

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