"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Em busca da essência do político (Parte 10/13)


A Vida Política dos Povos Indígenas do Brasil e a Invasão dos Bárbaros

Vamos examinar, conforme anunciamos no início deste texto, uma outra sociedade que, segundo Francis Wolff, atingiu a essência do político – os indígenas do Brasil, particularmente os tupis-guaranis, de antes da descoberta.

Os indígenas não têm política, não têm Estado, não têm leis – espantavam-se os colonizadores. Mas, as coisas não eram bem assim, pois, enquanto os invasores europeus tinham uma idéia de Estado como poder externo e coercitivo da sociedade, os indígenas viviam nas aldeias uma outra experiência política, na qual o Estado coercitivo dos europeus não fazia qualquer sentido.

Não é exagero afirmar que, nesse aspecto, os indígenas estavam muito além dos invasores e colonizadores em matéria de política – os indígenas constituíram sua comunidade visando ao bem-estar de todos e sabiam manter a sua unidade através do autogoverno.

A história das colonizações das Américas é, basicamente a história da barbárie, justificada pelos invasores como sendo a vitória da civilização. Mas como definir civilização e barbárie?

Francis Wolff, em Quem é bárbaro?, apresenta e critica a definição tradicional e conservadora que define como civilizada a sociedade que: urbanizou-se, que libertou-se de costumes grosseiros; que refinou o espírito artístico, filosófico, científico e é também mais desenvolvida tecnologicamente; que desenvolveu normas, princípios morais que estabelecem regras de conduta e de respeito ao outro. Para Wolff, essa idéia é conservadora, porque na história da humanidade existem culturas e civilizações que atendem boa parte desses requisitos e se demonstram violentas na relação com outras culturas. Portanto, diz o filósofo, civilização e barbárie não estão vinculadas ao estágio de desenvolvimento de uma cultura ou civilização, “são bárbaros aqueles que acreditam na barbárie, mas não no sentido de acreditarem que haja culturas inferiores (isso seria paradoxal, pois, como vimos, existem culturas inferiores bárbaras), e sim no sentido de acreditarem que sua própria cultura é a única forma de humanidade possível”. (WOLFF, 2004, p. 42)


índios bororós

O que diz o chefe? O que é uma palavra de chefe? É, antes de mais nada, um ato ritualizado. Quase sempre o líder se dirige ao grupo quotidianamente, ao amanhecer e ao crepúsculo. Deitado em sua rede ou sentado perto ao fogo, ele pronuncia com voz forte o discurso esperado. (...) Seu discurso consiste, ao essencial, em uma celebração, muitas vezes repetidas, das normas da vida tradicional: “Nossos avós se sentiram bem vivendo como viviam. Sigamos seu exemplo e, dessa maneira, levaremos uma existência tranqüila”. (CLASTRES, 1998, p. 108).

2 Response to "Em busca da essência do político (Parte 10/13)"

  1. Anônimo Says:
    17 de outubro de 2011 às 10:51

    tudo copiado do livro de filosofia do ensino médio do paraná

  2. Tony Mendes says:
    17 de outubro de 2011 às 21:20

    Talvez não tenha prestado atenção mas a cada tema postado no blog os créditos da autoria são reconhecidos. Esses textos são realmente dos livros didáticos da SEC do Paraná e foram autorizados pelos autores. Logo, não existe nenhuma irregularidade na publicação. Bastava apenas ler a postagem inicial. Boa semana e obrigado por nos visitar.