"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Filosofia e Método (Parte 05/13)


do particular ao geral: 1º movimento do entendimento

Numa obra chamada “Física” Aristóteles esclarece o passo do conhecimento: “o percurso naturalmente vai desde o mais cognoscível e mais claro para nós em direção ao mais claro e mais cognoscível por natureza...” (Física I,184a16-17)

Não é difícil entender o que Aristóteles está dizendo. Se você é um especialista em teoria da relatividade e foi chamado para uma palestra a um público que não entende coisa alguma de física, será melhor iniciar sua fala por alguns exemplos triviais do cotidiano para cativar o público e só então arriscar conceitos mais técnicos ou fórmulas. Em outras palavras, você fará um caminho que vai do “particular” (o que faz parte da experiência do público) ao “geral” (a visão de conjunto, mais técnica e elaborada, sobre a qual você vai falar). A marcha do nosso entendimento vai do simples ao complexo. Isso significa que compreendemos melhor um assunto quando podemos fazer a passagem daquilo que conhecemos para aquilo que desconhecemos. Observe como os grandes oradores começam seus discursos por analogias ou casos que a platéia logo se identifica.

No texto da “Física” Aristóteles dá o exemplo da criança para ilustrar sua tese: inicialmente ela chama qualquer homem ou mulher de pai e mãe. Só mais tarde aprenderá a identificar quem é pai e mãe, e com o tempo formará um conceito de paternidade e maternidade. Há aqui um curso do entendimento que vai do particular ao universal, fazendo com que o conhecimento amplie-se. Aristóteles, que era considerado um professor brilhante, já dominava em seu tempo noções de psicologia e pedagogia para saber que ser humano algum adquire conhecimento se não puder partir daquilo que já sabe.

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