"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Anos 1920 - Crise Política (Parte 05/08)


Trincheiras revolucionárias abandonadas em frente ao quartel da Força Pública de São Paulo, 1924.
São Paulo (SP). (CPDOC/JCF foto 002/1)

Levantes de 1924

Em dezembro de 1923, o julgamento e a punição dos implicados no levantes militares do ano anterior, acusados de promover um golpe de Estado, agravaram as relações entre o Exército e o governo federal. A tensão crescente redundou na eclosão, em julho de 1924, de uma rebelião militar em São Paulo, articulada pelo general reformado Isidoro Dias Lopes, pelo major Miguel Costa, comandante do Regimento de Cavalaria da Força Pública do estado, e pelo tenente Joaquim Távora, este último morto durante os combates. Tiveram ainda participação destacada os tenentes Juarez Távora, Eduardo Gomes, João Cabanas, Filinto Müller e Newton Estillac Leal.
O movimento teve início na madrugada do dia 5 de julho, mesma data do levante dos 18 do Forte. Em suas primeiras ações, os revoltosos ocuparam as estações da Luz, da Estrada de Ferro Sorocabana e do Brás, além dos quartéis da Força Pública e outros pontos estratégicos da cidade. No dia 8, após a fuga do presidente do estado Carlos de Campos, que deixou a cidade na companhia de membros de seu governo e sob a proteção de tropas fiéis, os rebeldes tomaram o palácio dos Campos Elísios. No dia seguinte, instalaram um governo provisório chefiado pessoalmente pelo general Isidoro. Em resposta, as tropas legalistas promoveram um forte bombardeio, que provocou o caos generalizado na capital paulista. Em meio ao pânico da população, ocorreram numerosos assaltos e saques a armazéns e depósitos de firmas particulares, especialmente nos bairros operários.
A partir do dia 16, sucederam-se as tentativas de armistício. Um dos principais mediadores foi José Carlos de Macedo Soares, membro da Associação Comercial de São Paulo. Num primeiro momento, o general Isidoro condicionou a assinatura de um acordo à entrega do poder a um governo federal provisório e à convocação de uma Assembléia Constituinte. A negativa do governo federal, somada às conseqüências do bombardeio da cidade, reduziu as exigências dos revoltosos à concessão de uma anistia ampla aos revolucionários em 1922 e 1924. Entretanto, nem essa reivindicação foi atendida.
Diante do recrudescimento da ação repressiva das tropas do governo, as forças rebeladas de São Paulo, determinadas a continuar a luta, decidiram abandonar a capital do estado na madrugada de 28 de julho e rumar para o interior. Àquela altura, já haviam eclodido rebeliões militares no Amazonas, em Sergipe e em Mato Grosso, em apoio ao levante de São Paulo, mas os revoltosos paulistas desconheciam tais acontecimentos.
Em outubro, enquanto os paulistas combatiam em território paranaense, tropas sediadas no Rio Grande do Sul iniciaram um levante, associadas a líderes gaúchos contrários à situação estadual. As forças rebeladas juntaram-se aos paulistas em Foz do Iguaçu, no Paraná, no mês de abril de 1925. Formou-se assim o contingente que deu início à marcha da Coluna Prestes.

0 Response to "Anos 1920 - Crise Política (Parte 05/08)"