A produção sociológica brasileira (Parte 06/08)
Florestan Fernandes (1920-1995)
E a fase “C” da implantação da Sociologia no Brasil:
Já a partir dos anos de 1940 novos sociólogos começam a aparecer no cenário brasileiro.
Esta terceira geração é formada por sociólogos que vieram de diferentes instituições universitárias, fundadas a partir de 1930 e inauguram estilos mais ou menos independentes de fazer Sociologia.
Dessa forma, e progressivamente, a intelectualidade sociológica no Brasil começa a ganhar corpo. Também começam a surgir estilos ou tendências, o que fez com que surgissem diferentes “escolas” de Sociologia em São Paulo, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte e em outros lugares.
Dos autores que fazem parte dessa terceira geração, podemos citar Oliveira Viana, Florestan Fernandes, Guerreiro Ramos, dentre vários outros. Mas vamos nos deter na obra do sociólogo paulista Florestan Fernandes (1920-1995), importante nome da Sociologia crítica no Brasil.
Qual é a proposta de Sociologia que ele apresenta?
Florestan Fernandes foi um sociólogo que fez um contínuo questionamento sobre a realidade social e das teorias que tentavam explicar essa realidade. O objetivo deste autor foi de, numa intensa busca investigativa e crítica, ir além das reflexões já existentes.
Florestan Fernandes tinha como metodologia “dialogar”, de maneira muito crítica, com a produção sociológica clássica, com os autores anteriormente citados. Mas veja, o diálogo não se dava somente com aqueles autores, pois a lista de clássicos, principalmente modernos, é bem extensa.
Florestan também mantinha contínuo diálogo com o pensamento crítico brasileiro. Autores como Euclides da Cunha e Caio Prado Júnior, os quais vimos anteriormente, fazem parte de sua lista de interlocutores. O diálogo com esses autores foi fundamental para o seu trabalho de análise dos movimentos e lutas existentes na sociedade, principalmente aquelas travadas pelos setores populares.
Um outro aspecto de sua maneira crítica de fazer Sociologia foi a sua afinidade com o pensamento marxista, principalmente sobre o modo de analisar a sociedade, o que se constituiu numa espécie de “norte” crítico orientador de seu pensamento.
As transformações sociais que ocorreram a partir de 1930 no Brasil foram, também, uma espécie de “motor” para os trabalhos de Florestan. Mas não apenas para ele, pois como já mencionamos, essas transformações serviram de impulso para os trabalhos sociológicos no Brasil como um todo. E isso se deu principalmente a partir de 1940, pois essas transformações se intensificaram muito por causa do aumento da industrialização e da urbanização.
Algumas das conseqüências da urbanização, inclusive gerada pela migração de pessoas que, vindas do campo, procuravam trabalho nas indústrias das grandes cidades, foram o surgimento de problemas de falta de moradia, desemprego e criminalidade. Essas situações emergentes, logicamente, tornavam-se temas para a análise sociológica.
Para finalizar, vale ressaltar que a Sociologia crítica que Florestan inaugura também tinha o “olhar” voltado aos mais diversos grupos e classes existentes na sociedade. Algumas de suas pesquisas com grupos indígenas e sobre as relações raciais em São Paulo, por exemplo, tiveram o mérito de fornecer explicações que se contrapunham às explicações dadas pelas classes dominantes da sociedade brasileira.
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