Anos 1920 - Crise Política (Parte 07/08)
relatando a adesão do Partido Democrático Paulista a sua candidatura, 1929.
Rio de Janeiro (RJ). (CPDOC/GV 1929.07.30/3)
Partido Democrático de São Paulo (PD)
O Partido Democrático foi fundado em fevereiro de 1926, reunindo elementos descontentes com o longo domínio do Partido Republicano Paulista (PRP) nos governos do estado de São Paulo e da República. Seu primeiro presidente foi o conselheiro Antônio Prado, antigo político do Império, agricultor, banqueiro e industrial. Entre seus principais líderes estavam Francisco Morato, Paulo Nogueira Filho e Marrey Júnior, e entre seus membros predominavam fazendeiros e profissionais liberais.
Nos seus primeiros documentos, o PD fazia a defesa do voto secreto e da autonomia do Poder Judiciário. O conselheiro Antônio Prado declarava-se contrário a uma composição com as forças situacionistas de qualquer estado, e por isso o partido preferiu fazer contatos com a oposição gaúcha e com elementos dissidentes do Distrito Federal. Representantes dessas correntes chegaram a compor a comissão organizadora de um futuro Partido Democrático Nacional (PDN), que não chegou a ser criado.
O PD mostrava-se entusiasmado pelos feitos da Coluna Prestes (1925-1927) e não manifestava maiores expectativas com relação às disputas eleitorais. A estréia eleitoral do partido ocorreu apenas nas eleições municipais de 1928, quando se aliou a elementos de esquerda mas foi duramente derrotado pela máquina do PRP.
Nas eleições presidenciais de 1930, o PD apoiou a formação da chapa da Aliança Liberal encabeçada pelo líder gaúcho Getúlio Vargas. Diante da derrota de Vargas, alguns dirigentes do partido mostraram-se conformados com o resultado, mas um outro grupo, liderado por Francisco Morato, apoiou as conspirações político-militares contra o governo federal que resultaram na Revolução de 1930. Quando o presidente Washington Luís foi deposto, a junta militar que assumiu o poder ofereceu o governo de São Paulo a Francisco Morato. Este no entanto recusou a indicação, argumentando que só poderia aceitá-la com o consentimento de Vargas, líder supremo do movimento revolucionário. Ao assumir o governo dias depois, Vargas, pressionado pela jovem oficialidade militar que o apoiava, preferiu nomear o líder tenentista João Alberto para o cargo de interventor federal em São Paulo. Iniciaram-se então os conflitos entre o PD e o interventor.
Em abril de 1931, após sucessivos desentendimentos, o PD declarou seu rompimento com João Alberto. A substituição deste, em julho, por Laudo de Camargo satisfez parcialmente os democráticos. A tensão, porém, continuou e em novembro Laudo de Camargo renunciou, sendo substituído pelo general Manuel Rabelo, ligado aos "tenentes". Em fevereiro de 1932, o PD finalmente divulgou um manifesto rompendo com Vargas. Seus dirigentes iniciaram então entendimentos com os antigos adversários do PRP, que levaram à formação, no mês seguinte, da Frente Única Paulista (FUP). As principais reivindicações da FUP eram o retorno do país ao regime constitucional e a recuperação da autonomia estadual pelos paulistas.
Vargas recuou e nomeou interventor Pedro de Toledo, nome simpático ao PD. Ao mesmo tempo, promulgou o novo Código Eleitoral, primeiro passo para a reconstitucionalização do país. Tais medidas, porém, não foram suficientes para conter a exaltação dos membros da FUP, que a partir de maio passaram a dominar inteiramente o secretariado estadual. Controlando a situação no estado, a FUP deflagrou, em julho de 1932, a Revolução Constitucionalista, que visava à derrubada de Vargas. Contudo, sem a esperada adesão de mineiros e gaúchos, o movimento fracassou. Em outubro, após a rendição, os principais líderes do PD foram para o exílio.
Em 1933, quando finalmente se realizaram as eleições para a Assembléia Nacional Constituinte, formou-se a Chapa Única por São Paulo, composta por membros da FUP que haviam permanecido no país. A Chapa Única venceu as eleições no estado, mas a ampla maioria dos eleitos pertencia ao PRP. Naquele momento, a nomeação para a interventoria de Armando de Sales Oliveira, nome vinculado ao PD mas com bom trânsito entre as forças políticas do estado, contribuiu para distensão política entre os paulistas e o governo federal.
Em 1934, por iniciativa de Armando Sales, foi criado o Partido Constitucionalista. O PD decidiu incorporar-se à nova agremiação e foi extinto em fevereiro daquele ano, após exatos oito anos desde sua fundação.
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