"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Pensar a Beleza (Parte 03/12)

O belo Narciso era filho do deus Cefiso e da ninfa Liríope.
Conta a lenda que ele se apaixonou pela própria imagem,
afogando-se no rio ao contemplá-la.

Entre os Gregos

Foi entre os gregos antigos que a reflexão sobre o belo se abriu ao pensamento. Entretanto, como a arte, para eles, estava vinculada a alguma função (moral, social e política), ela não tinha sua identidade própria. Sócrates (470/469 a.C. – 399 a.C.) vai associar o belo ao útil. Portanto, um objeto que se adapta e cumpre sua função, é belo. Mesmo que não esteja adornado. Ele inaugura um tipo de estética funcional, utilitária que, se prestarmos atenção, está muito presente no nosso cotidiano, na produção dos objetos de uso corriqueiro, que também apresentam uma preocupação estética.

Platão (427 – 348 a.C.) já não tem essa preocupação prática de encontrar objetos belos. Ele não se pergunta o que é belo, mas o que é “O Belo”. Ele não está preocupado com a beleza que se encontra nas coisas, mas numa beleza ideal. Isso quer dizer que os objetos só são belos na medida em que participam do ideal de beleza, que é perfeito, imutável, atemporal e supra-sensível, isto é, está além da dimensão material. Platão afirma que a beleza que percebemos no mundo material participa de um Belo ideal: “Quando se der a ocorrência de belos traços da alma que correspondam e se harmonizem com um exterior impecável, por participarem do mesmo modelo fundamental, não constituirá isso o mais belo espetáculo para quem tiver olhos de ver?” (PLATÃO, 1997, p. 22) A característica fundamental nessa determinação do belo é a proporção do quanto um objeto consegue imitar o ideal de beleza; então pode-se caracterizá-lo como belo. A contemplação dessa beleza ideal também deve elevar a alma deixando o cidadão livre de suas paixões e dos prazeres do mundo material, afinal “(...) o mais belo é também o mais amável (...)”. (Ibidem)

Outro importante filósofo grego é Aristóteles (384 – 322 a.C.). Em contraposição a Platão, Aristóteles procurou o belo não num mundo ideal, mas na realidade. Em sua obra Poética ele constrói um manual de como se reproduz o belo nas diversas artes. Evidencia aí sua preferência pela tragédia, pois nela a imitação das ações humanas, as boas ou más, reproduziriam um efeito chamado catarse, isto é, uma purificação dos sentimentos ruins, a partir da sua visualização na arte, “(...) suscitando o terror e a piedade, tem por efeito, a purificação dessas emoções.” (ARISTÓTELES, 1997, p. 31), o que tornaria as pessoas melhores. O belo estava associado, em Aristóteles, ao conceito de bom e as artes tinham uma função moral e social, na medida em que reforçavam os laços da comunidade.

Essas teorias a respeito do belo, principalmente de Platão e de Aristóteles, serão retomadas no final da Idade Média e, a partir do Renascimento, os filósofos recuperam a idéia de beleza relacionada à ordem, harmonia e proporção, que contribuem decisivamente para a formação da concepção de beleza clássica.

No caso das esculturas gregas nota-se a busca de imitar as formas “perfeitas” do ser humano, a valorização da força física, da virilidade e da proporcionalidade, as quais ressaltam o equilíbrio e a unidade entre corpo e espírito, entre homem e cosmos, razão e sentimento, o que culminava na busca dessas formas consideradas perfeitas, nessas figuras idealizadas.

Laocoonte. Escultura, em mármore, do século I a.C. (Museu do Vaticano).

Observe como alia harmonia e força expressiva; o braço direito estendido num esforço de movimento para o alto e alongamento do corpo em posição desconfortável oferece ao contemplador a expressão do sofrimento de todo o corpo e, ao mesmo tempo, transmite a idéia do esplendor e perfeição no movimento dos corpos, na paixão e dramaticidade do gesto.

2 Response to "Pensar a Beleza (Parte 03/12)"

  1. Anônimo Says:
    19 de fevereiro de 2011 às 11:27

    soy un enamorado de esta escultura es preciosaa
    tengo 116 años
    contactadme
    tengo sexy mustache! oh yeah

  2. Anônimo Says:
    11 de agosto de 2018 às 21:22

    MUITO BOM, BEM EXPLICATIVO. OBRIGADA.