"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

A Guerra no Brasil (Parte 08/09)


Propaganda de guerra

Desde a criação do DIP, o Estado assumiu como sua tarefa o controle sistemático de todos os meios de comunicação social disponíveis. A justificativa para esse controle e para a maciça publicidade da ação do governo estava ligada à concepção da propaganda como fator de segurança da nação e de defesa das instituições nacionais. Propaganda e censura eram vistas como armas de que o Estado Novo dispunha para ajudar a manter a unidade ideológica da nação, elucidar as propostas do governo e educar a opinião pública dentro dos princípios doutrinários do regime.
Pode-se dividir a ação estatal em relação à informação sobre o tema da Segunda Guerra Mundial em dois momentos distintos: antes da Reunião de Chanceleres do Rio de Janeiro em 1942, ou seja, enquanto o Brasil mantinha sua neutralidade diante do conflito europeu, e a partir do rompimento de relações e da declaração de guerra com a Alemanha, Itália e Japão.
No primeiro momento, o governo determinava que a imprensa e o rádio permanecessem neutros ao divulgar notícias sobre a guerra. A censura era então exercida com rigor, e era proibida a publicação de notícias, correspondências e artigos nos quais se pregasse ou insinuasse a necessidade de uma tomada de posição do governo brasileiro diante do conflito. Da mesma forma era proibido publicar "telegramas, comunicados, fotografias ou gravuras" que atribuíssem a qualquer dos beligerantes "atos reprováveis". Matérias a favor ou contra qualquer dos lados envolvidos não seriam divulgadas, bem como caricaturas, anedotas e fotografias "ofensivas a qualquer homem público ou exército das nações em guerra" ou relativas à "vitória ou derrota nos campos de batalha".
A partir do seu novo posicionamento no plano internacional, e em virtude do estreitamento das relações com os Estados Unidos, o Brasil passou a permitir, cada vez mais, a influência norte-americana sobre todos os meios de comunicação, ao mesmo tempo em que era deflagrada uma propaganda sistemática contra a ideologia e os países do Eixo. A imprensa, o cinema, o rádio e outros veículos de comunicação brasileiros eram "abastecidos" com propaganda norte-americana, apresentando desde temas como o sacrifício dos soldados na guerra e o poderio militar dos Estados Unidos, até os hábitos e estilo de vida que constituíam o american way of life. Por isso foi possível falar na chegada de Tio Sam ao Brasil. Esse esforço tinha um propósito: afastar a influência alemã e italiana exercida pelas comunidades imigrantes ou por simples simpatizantes dos países do Eixo, suspeitos de formar uma quinta coluna no país.
Mas o Brasil também produzia sua própria propaganda de guerra. O DIP se dedicava a isso organizando cerimônias e concentrações populares cujo objetivo era a mobilização moral e material para o esforço de guerra. Toda a propaganda era feita no sentido de enaltecer as Forças Armadas do país, mostrando-as aparelhadas a aptas a enfrentar o desafio, salvaguardando assim a ordem e integridade da nação. Através dos cinejornais ou documentários de curta metragem, então de exibição obrigatória nos cinemas, eram mostrados o embarque dos pracinhas, sua atuação no front, as batalhas vencidas, o estado de espírito da população brasileira diante do desenrolar dos acontecimentos na Europa. Eram ainda produzidos cartazes sobre os mais variados temas, como as Obrigações de Guerra, a convocação para o alistamento, a arrecadação de fundos etc. O DIP editou também a coleção O Brasil na Guerra, reunindo dados sobre a participação brasileira no conflito, enquanto os grandes jornais constantemente eram abastecidos com matérias sobre questões as mais diversas relativas à Segunda Guerra Mundial.

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