"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Radicalização Política (Parte 09/09)


Universidade do Distrito Federal (UDF)

A administração de Pedro Ernesto como interventor e depois prefeito do Distrito Federal, tendo Anísio Teixeira na direção do Departamento de Educação, abriu espaço para uma experiência pioneira e original na história da universidade no Brasil.
Em abril de 1935, pelo decreto municipal n° 5.513, foi criada a Universidade do Distrito Federal (UDF), composta de cinco escolas: Ciências, Educação, Economia e Direito, Filosofia, e Instituto de Artes. O principal objetivo da nova universidade era encorajar a pesquisa científica, literária e artística e "propagar as aquisições da ciência e das artes, pelo ensino regular de suas escolas e pelos cursos de extensão popular". Na verdade, a UDF pretendia não apenas produzir profissionais, mas formar "os quadros intelectuais do país".
No seu primeiro ano de funcionamento, a UDF inaugurou os primeiros cursos de formação de professores e de especialização em diversas disciplinas. Para seu corpo docente foi articulada a vinda de uma missão francesa composta de professores de diferentes áreas como Eugène Albertini, Henry Hauser, Jacques Perrot, entre outros.
Embora despontasse como um centro de ensino inovador no Brasil dos anos 30, a UDF logo iria enfrentar dificuldades políticas provocadas pela revolta comunista de novembro de 1935. Logo em dezembro Pedro Ernesto foi obrigado a demitir seu secretário de Educação Anísio Teixeira, o reitor da UDF Afrânio Peixoto e vários professores, abrindo-se assim uma grave crise no interior da universidade recém-criada. Poucos meses depois o próprio prefeito seria preso.
Afonso Pena Jr., intelectual renomado, assumiu a reitoria da UDF e procurou enfrentar os desafios garantindo a permanência de professores e atraindo novos especialistas. Em 1936 a UDF tinha cerca de quatrocentos alunos e em 1937 formava sua primeira turma. Parecia que o projeto de Anísio Teixeira poderia apesar de tudo se consolidar, mas a impressão logo se mostrou ilusória, pois a UDF contrariava o projeto acalentado no Ministério da Educação por Gustavo Capanema, de fortalecimento da Universidade do Brasil.
A instauração do Estado Novo em novembro de 1937 criou condições para a eliminação da UDF e a incorporação de seus quadros à Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, criada em 1939. A nova escola deveria ser dirigida por Alceu Amoroso Lima e se submeter ao estreito controle doutrinário da Igreja Católica, mas sua direção acabou sendo entregue a Francisco Clementino de San Tiago Dantas.

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