Juraci Magalhães
Juraci Montenegro Magalhães nasceu em Fortaleza (CE), em 1905. Iniciou sua carreira no 23º BC, em sua cidade natal. Em 1923, matriculou-se na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro. Em 1927, retornou ao 23º BC, de onde passou a oferecer apoio aos oficiais tenentistas foragidos no nordeste. Em 1930, servia no 22º BC, na capital paraibana, quando deu abrigo em sua casa a Juarez Távora, designado comandante militar da revolução no Nordeste.
Por designação de Juarez, assumiu o posto de lugar-tenente de José Américo de Almeida, o chefe civil do movimento na região. De sua guarnição na capital paraibana deu início à revolução no Nordeste, horas depois do movimento ter se iniciado em Porto Alegre e Belo Horizonte. Logo a seguir dirigiu-se a Recife onde, em nome de Juarez Távora, empossou Carlos de Lima Cavalcanti no governo daquele estado. Em seguida, participou de combates contra as forças legalistas nos estados de Sergipe e Bahia.
Em setembro de 1931 foi nomeado por Vargas interventor federal na Bahia, estado em que a revolução contava com poucos adeptos. Em 1932 reprimiu manifestações de solidariedade aos constitucionalistas de São Paulo, então em confronto armado com o governo federal, promovidas por estudantes em Salvador. Para vencer as forças políticas que exigiam um interventor baiano e civil, passou, habilmente, a desenvolver contatos junto a coronéis do interior, o que lhe possibilitou consolidar sua liderança à frente da política estadual. Em 1933, fundou o Partido Social Democrático (PSD) da Bahia, legenda que obteve ampla vitória nas eleições para a Assembléia Nacional Constituinte, realizadas em maio daquele ano. Da bancada do PSD baiano saiu o líder da maioria na Constituinte, o deputado Medeiros Neto. No ano seguinte, deu apoio a Vargas na eleição presidencial indireta realizada pelos deputados constituintes. Ainda em pleito indireto, em abril de 1935 obteve da Assembléia Constituinte estadual o mandato de governador constitucional.
Durante seu governo, tomou medidas repressivas contra as atividades da Aliança Nacional Libertadora (ANL), frente de esquerda de caráter antifascista da qual participava seu irmão, Eliézer Magalhães, e contra a Ação Integralista Barsileira (AIB). Ao mesmo tempo, opôs-se às pretensões de Vargas de continuar à frente do governo federal após o término de seu mandato constitucional. Nesse sentido, buscou articular-se com governadores de outros estados a fim de barrar o projeto continuísta do presidente. Quando esse se concretizou, com a implantação da ditadura do Estado Novo em novembro de 1937, demitiu-se do governo da Bahia, retornando ao Exército.
Retomou as atividades políticas apenas no final do Estado Novo, quando passou a se articular aos setores de oposição ao regime. Em 1945, apoiou a candidatura derrotada do brigadeiro Eduardo Gomes à presidência da República, lançada pela União Democrática Nacional (UDN), partido ao qual havia se filiado e de cuja comissão executiva nacional fazia parte. Nessa ocasião, elegeu-se deputado federal constituinte pelo estado da Bahia. Sua atuação na constituinte foi marcada por um acirrado posicionamento anticomunista.
Em 1950 tentou retornar, sem sucesso, ao governo da Bahia. Com o início do segundo governo Vargas, no ano seguinte, foi nomeado presidente da Companhia Vale do Rio Doce e, em seguida, adido militar brasileiro nos Estados Unidos. Em 1954, presidiu a recém-fundada Petrobrás. No final desse ano, elegeu-se para o Senado pela UDN baiana.
Em 1957 passou a presidir a UDN nacional. Em 1959 voltou ao governo da Bahia, onde permaneceria até1963. Ainda em 1959 perdeu para Jânio Quadros a indicação de candidato udenista à eleição presidencial do ano seguinte. Em 1964 participou da conspiração que derrubou o presidente João Goulart.
No governo do general Castelo Branco, o primeiro do ciclo militar, foi nomeado embaixador brasileiro nos Estados Unidos, quando pronunciou sua célebre frase: "O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil". Em seguida, ocupou sucessivamente as pastas da Justiça e das Relações Exteriores. Com o fim do governo de Castelo Branco, em 1967, deixou a carreira política e passou a dedicar-se à iniciativa privada, tendo ocupado a presidência de diversas empresas brasileiras e estrangeiras.
Morreu em Salvador (BA), em maio de 2001.
Fonte: Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001.
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