"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Necessidade ou fim da arte ? (Parte 06/09)


As diversas formas de Arte para Hegel

Segundo Hegel, existem diversas formas de arte que precisam ser entendidas no movimento de posição e reconhecimento do Espírito Absoluto. Cada forma busca apreender, conceber e representar o Espírito de uma forma diferente. O ser humano, para o filósofo, tem uma demanda natural de “(...) aspiração à unidade absoluta (...)” (Idem, p. 154). Essa unidade é a perfeita união entre forma e conteúdo. O belo artístico é para Hegel é “(...) concebido como uma representação do Absoluto.” (Idem, p. 149) A beleza ocorre como adequação da realidade ao conceito – verdade. Beleza “(...) representa a unidade do conteúdo e do modo de ser do conteúdo, que resulta da apropriação, da adequação da realidade ao conceito” (Idem, p. 154)

De acordo com a concepção de processo histórico e dialético da Idéia na história, Hegel analisa a evolução dessas diversas formas de arte, dividindo-a em três os momentos ou formas: Simbólica, Clássica e Romântica.

Assim como o homem possui uma inquietação para o espiritual, a Idéia também carrega uma necessidade da determinação, isto é, de objetivação na concretude, na busca de uma matéria que lhe seja conveniente à sua forma, na “(...) sua inquietude e insatisfação, a idéia evolui e expande-se nesta matéria, procura torná-la adequada, apropriá-la” (Idem, p. 155). Essa determinação ocorre de acordo com a evolução da história, história que é do Espírito e ao mesmo tempo do homem, como ser que é capaz, pela sua ciência, de pensar e representar o Absoluto, o espiritual.

A primeira forma de arte é chamada de Simbólica. Nela a apropriação da matéria pela idéia ocorre de uma maneira que não lhe convém, violenta, contundida. De um lado a idéia abstrata; de outro a matéria que não lhe é adequada. O conteúdo é mais ou menos impreciso, sem determinação. A forma é exterior e indiferente, direta e natural. É a primeira forma de determinação que “(...) extrai o seu aspecto figurado da natureza imediata” (Ibidem). É uma arte imperfeita, pois nela “(...) estabelece-se uma correspondência puramente exterior, abstratamente simbólica” (Idem, p. 156), como se os elementos da natureza contivessem o universal, absoluto. Esse simbolismo ocorre pela “(...) diferença entre o fora e o dentro, por uma falta de apropriação entre a idéia e a forma incumbida de a significar, pelo que esta forma não constitui a expressão pura do espiritual” (Idem, p. 157). Um exemplo de arte que exemplifique essa idéia são as estátuas de deuses, que procuram personificá-los, como se a divindade estivesse ali de fato. É uma forma de arte na qual a relação do homem com a natureza e com Deus é mediada pela distância e pelo medo. A dificuldade que o homem possui de conceituar, compreender a divindade faz com que as representações que ele faz de Deus sejam pobres, muito próximas dos elementos da natureza, o que as distanciam do ideal.

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