"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Necessidade ou fim da arte ? (Parte 08/09)


Hegel afirma que a arte romântica “(...) nasceu da ruptura da unidade entre o real e a idéia e do regresso da arte à oposição que existia na arte simbólica.” (Ibidem) Enquanto a arte clássica atingiu o seu ser máximo enquanto arte, a romântica atingiu o seu ser máximo enquanto idéia. Mas a arte romântica, entretanto, quer ultrapassar-se a si própria: “(...) o romantismo consiste num esforço da arte para se ultrapassar a si própria em, todavia, transpor os limites próprios da arte.” (Idem, p.160) Evidencia-se aqui a idéia de fim da arte, em Hegel: não é o fim no sentido de morte da arte, mas é a sua realização plena dentro do processo dialético de auto-conhecimento do Espírito. Aqui a idéia está livre e o sensível “(...) aparece, então, como que à margem da idéia espiritual, subjetiva, deixa de ter necessidade; mas fica, por sua vez, livre na esfera que lhe é própria, na esfera da idéia.” (Ibidem)

Na arte romântica há predomínio do saber, do sentimento, da idéia, da alma. Nesse nível o sensível se torna indiferente, transitório, acidental, mas continua como caminho para o espiritual. A forma – o visível da obra – ganha liberdade e é condição para essa expressão pura da idéia. Há necessidade da forma no romantismo sim, mas esses elementos formais-materiais não têm tanta importância, são perecíveis, uma vez que o espiritual está livre: “A arte simbólica ainda procura o ideal, a arte clássica atingiu-o e a romântica ultrapassou-o”, afirma Hegel. (Idem, p. 162)

Hegel ainda relaciona as diversas artes particulares a cada forma de arte exposta acima. Essa divisão acompanha a idéia de que a perfeição de uma obra de arte está na sua ligação mais próxima com seu conteúdo próprio, isto é, “(...) o verdadeiro conteúdo do belo não é senão o espírito.” Isto quer dizer uma obra de arte será tanto mais perfeita quanto mais despreendida das formas materiais, quanto menos presa estiver nossa sensibilidade à natureza e mais próxima da contemplação de Deus, do Espírito Absoluto, da Idéia.

Nesse sentido a arquitetura, segundo Hegel, é a arte própria da forma simbólica, pois a relação entre conteúdo e forma são confusas, ainda muito ligadas à natureza inorgânica. A escultura é a arte própria da forma clássica, onde conteúdo e forma se desligam da natureza e se identificam entre si. Por outro lado o grande mérito da escultura é de poder expressar um mundo interno, espiritual, ma, por estar presa às formas materiais, guarda sua limitação.

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