Política e Violência (Parte 08/10)
Desigualdade Social e Violência no Brasil
A história do nosso país deixa claro que a violência começou desde a nossa “descoberta”.
A terra conquistada, onde o morador nativo, denominado índio, foi logo de início assaltado, roubado, espezinhado e morto, viu-se, depois, transformada em cativeiro, com a entrada do negro africano escravizado.
As lutas prosseguiram: aos índios e lusos, seguem-se negros e senhores e, mais tarde, as lutas camponesas contra grileiros, latifundiários. Canudos, Contestado, Quilombos, esses são apenas alguns exemplos de movimentos sociais que tiveram representação política, que aparecem, na história oficial, como movimentos messiânicos, radicais, baderneiros e que, legalmente, foram exterminados e combatidos em nome de uma ordem e da segurança nacional.
Até mesmo a independência, a abolição dos escravos, a proclamação da república não trouxeram vantagens práticas aos trabalhadores.
Até hoje os projetos de reforma agrária permanecem quase sempre como projetos, cuja conquista efetiva ainda não se realizou. As lutas de classes, que se esboçaram desde o início do século XVIII, foram lutas isoladas, que ganharam significado maior somente no final do século XIX e início do século XX, e alcançaram apenas resultados práticos imediatos.
Mas, as vitórias, muitas das quais nos parecem, hoje, mínimas, eram grandiosas para a época e custaram, ao proletariado brasileiro, lágrimas e sangue. As elites, no Brasil, jamais cederam sem lutas. As menores reivindicações encontraram sempre, de parte das elites, reação muito superior à ação. Todos os meios foram utilizados para manter o operário, o camponês, o trabalhador em geral, este moderno escravo, tão torturado e angustiado quanto os negros nas senzalas.
Ao sentir a força crescente dos trabalhadores organizados, a burguesia tentara, a princípio, impedir sua unificação; em seguida, procurar pela força, por leis pré-fabricadas, pelas prisões em massa, pelo terror, anular movimentos operários em suas conquistas sociais, acabar com todas as liberdades, suspender os direitos constitucionais conquistados e estabelecer o lema: “ ao proletariado só deveres - não direitos”
A grande massa operária, aos poucos esclarecida, sentia que o inimigo residia na elite dirigente e no imperialismo. E percebia que as práticas democráticas no Brasil foram sempre contrárias à própria democracia. Os direitos e liberdades democráticas mais elementares eram sempre negados ao povo em geral.
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