"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Alta Idade Média (Parte 03/10)

Imperador Constantino e a Rainha Helena

AS QUESTÕES RELIGIOSAS

Como sabemos o Império Bizantino era uma Teocracia ou Cesaropapismo (cesar + papa), onde o poder do Estado não se distinguia do poder eclesiástico. A vida religiosa e política estavam muito ligadas e questões religiosas tinham grande repercussão política. O imperador (césar) era tido como o representante de Deus no mundo (papa).

AS HERESIAS

As heresias tem sua origem nas discussões sobre assuntos religiosos (dogmas) travadas pelos membros da Igreja. Os dogmas eram expressão da interpretação oficial da Igreja sobre as escrituras. As heresias interpretavam os dogmas da fé de maneira diferente da Igreja.
Tiveram grande importância dentro do Império Bizantino sendo que muitas guerras foram travadas por causa delas. As heresias mais importantes foram:
Arianismo: o bispo Ário negou o dogma da Santíssima Trindade (Pai, Filho e o Espírito Santo). Ário afirmou a supremacia do Pai sobre o Filho e Espírito Santo afirmando que a trindade se chocava com uma concepção monoteísta de religião.
Suas idéias heréticas ficaram conhecidas como arianismo e foram condenadas pelo primeiro Concílio de Nicéia, em 325. Nesse Conclave ficou estabelecido que as três pessoas da Trindade eram consubstanciais (mesma substância), portanto o dogma não era contraditório com o monoteísmo.

Monofisismo: o dogma duofisista pregava que Jesus Cristo teria duas naturezas: uma humana e material, que sofreu e morreu pela humanidade; e outra divina, do Filho que tem a mesma substância do Pai.
O monofisismo elaborado por Eutiques negou a natureza humana de Cristo, os hereges monofisistas aceitavam somente a pessoa divina de Cristo. O Concílio de Calcedônia, de 451, condenou o monofisismo, provocando grandes conflitos dentre seus adeptos e a igreja.

Nestorianismo: um dos dogmas mais rígidos da Igreja era a virgindade de Maria e a concepção de Jesus Cristo sem pecado. No entanto o Bispo Nestório negou esses dogmas dando origem a uma heresia conhecida como Nestorianismo, que foi condenada pelo Concílio de Éfeso.

Iconoclastia: no final do Império Romano quando a Igreja cristã estava se fortalecendo enquanto instituição houve uma imensa conversão de pagãos ao cristianismo. Nesse momento houve a assimilação por parte da Igreja que se formava do culto das imagens trazido pelos pagãos.
As imagens dos deuses pagãos foram substituídas pela dos santos (mártires do cristianismo), aos quais os cristãos rendiam veneração por seus atos de bravura na propagação da nova religião.
Dessa forma o culto de imagens de santos e da divindade, ganhou força dentre os cristãos tornando-se um dogma da Igreja, pois esta já os estava canonizando.
Leão III (712-741) negou o culto das imagens, pregando sua destruição (icone = imagem; clastos = destruir), essa heresia foi condenada pelo Concílio de Nicéia II.
Apenas em 843, a Igreja resolveu o problema quando definiu que às imagens cabia a veneração, e a Deus cabia a adoração.
As heresias foram responsáveis por revoltas e guerras dentro do Império Bizantino, levando as autoridades a intervirem nas questões religiosas, pois o que dizia respeito à religião se ligava também com a política.

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