"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

A Instituição Escolar (Parte 07/09)


Essa é uma forma de olhar a escola! Agora vejamos outra:

Teoria funcionalista – Émile Durkheim (1858–1917) é um dos representantes do pensamento conservador. Sua teoria faz a defesa da ordem social dominante, do chamado “status quo”. Não menciona a necessidade de mudanças, reformas ou muito menos revoluções. Seguindo a linha de pensamento de Durkheim, a escola, assim como as demais instituições sociais, têm a função de imprimir sobre as novas gerações valores morais e disciplinares que visam à perpetuação da sociedade tal como ela está organizada quanto à ordem e no respeito aos poderes dominantes.
Durkheim trata a sociedade como se essa fosse uma entidade externa aos indivíduos, acima dos conflitos sociais, das lutas por interesses diversos. A sociedade é assim entendida como um corpo harmônico, com valores e à qual só nos resta a adaptação.
Pois bem! Para Durkheim a escola não é alvo de críticas, pois funciona adequadamente à sociedade na qual está inserida. Para ele, todos os indivíduos e instituições têm uma função a cumprir, que uma vez, bem desempenhada contribuirá para o progresso e à harmonia social. Os conflitos sociais não resultam das desigualdades provindas da sociedade de classes, mas são espécies de “doenças”, e como tais devem ser “tratadas”.
Esta é uma outra forma de olhar para a sociedade e para a escola!

O conhecimento dessas teorias nos ajuda a compreender o fracasso escolar, este fenômeno que anualmente exclui centenas de jovens da escola. Se formos verificar a origem social destes alunos que não conseguiram concluir seus estudos, verificaremos que pertencem às classes menos favorecidas economicamente, e cujos hábitos culturais estão mais distantes dos padrões oficiais. No entanto, temos que estar atentos ao fato de que as teorias nos ajudam a melhor compreender como e porquê as coisas acontecem de uma determinada forma, mesmo que esta forma esteja desagradando ou prejudicando muita gente, como é o caso da escola, arriscaríamos dizer. Mas nenhuma teoria sociológica consegue dar conta de explicar toda a realidade educacional.

São formas de olhar para esta realidade!

Corremos sérios riscos ao tentarmos “encaixar” a realidade aos modelos teóricos, se nos fixarmos somente nas teorias e não prestarmos atenção às diferenças e às peculiariedades. Estes são alguns riscos:
1) O pensamento imobilista – ou seja, se a escola existe somente para reproduzir a sociedade desigual que aí está, então nada podemos fazer senão nos adequarmos a esta situação. Esta atitude passiva em nada contribui para desenvolvermos as atitudes críticas e criativas necessárias à criação de um outro modelo de escola.
2) A generalização – acreditar que todas as escolas são iguais. Que todas têm a mesma organização pedagógica, a mesma interpretação das leis, a mesma ideologia, as mesmas práticas. Ainda bem que isso não é verdade! Vários são os fatores que contribuem para a construção da cultura de cada escola: sua localização espacial e temporal, sua arquitetura, e principalmente seus sujeitos – professores, alunos, diretores, funcionários – verdadeiros autores da educação escolar. A forma como essas pessoas relacionam-se no dia-a-dia escolar, criam e assimilam regras, selecionam e aplicam conteúdos não está necessariamente condicionada às normas oficiais, mas muito mais às preferências pessoais, às opções políticas, às histórias de vida, às formas de pensar e agir próprias daquele grupo, que podem ser mais ou menos coesas.
Perceber a escola dessa forma, em suas peculiaridades e diferenças nos permite ver possibilidades de ação e de mudanças nessa instituição em que passamos tantos anos.

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