"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Os filósofos da natureza (Parte 03/07)


TRÊS FILÓSOFOS DE MILETO - (Páginas 45-46)

O primeiro filósofo de que temos notícia é Tales, da colônia grega de Mileto, na Ásia Menor. Tales foi um homem que viajou muito. Entre outras coisas, dizem que certa vez, no Egito, ele calculou a altura de uma pirâmide medindo a sombra da pirâmide no exato momento em que sua própria sombra tinha a mesma medida de sua altura. Dizem ainda que em 585 a.C. ele previu um eclipse solar.
Tales considerava a água a origem de todas as coisas. Não sabemos o que exatamente ele queria dizer com isto. Talvez ele quisesse dizer que toda forma de vida surge na água e a ela retorna quando se desfaz.
Quando esteve no Egito, certamente ele pôde observar como os campos inundados ficavam fecundos depois que as águas do Nilo retornavam ao seu delta. É possível que ele tenha observado também que, depois da chuva, apareciam rãs e minhocas.
Além disso, é muito provável que Tales tenha se perguntado como a água podia se transformar em gelo e em vapor, para depois voltar a ser água.
Segundo dizem, Tales teria afirmado que “todas as coisas estão cheias de deuses”. Também aqui só podemos tentar adivinhar o que ele queria dizer. Talvez ele tenha chegado à conclusão de que a terra escura era a origem de tudo, de flores e sementes até abelhas e baratas. E é possível, então, que ele tenha imaginado a terra cheia de pequenos e invisíveis “germens da vida”. De qualquer forma, é certo que com esta afirmação ele não estava pensando nos deuses de Homero.
O próximo filósofo de que temos notícia é Anaximandro, que também viveu em Mileto. Ele achava que nosso mundo era apenas um dos muitos mundos que surgem de alguma coisa e se dissolvem nesta alguma coisa que ele chamava de infinito. É difícil dizer o que ele entendia por infinito. Mas uma coisa é certa: ao contrário de Tales, Anaximandro não imaginou uma substância determinada. Talvez ele quisesse dizer que aquilo a partir do qual tudo surge é algo completamente diferente do que é criado. E como tudo que é criado é também finito, o que está antes e depois deste finito tem de ser infinito. É claro que, nesse sentido, a substância básica não podia ser algo tão trivial quanto a água.
Um terceiro filósofo de Mileto foi Anaxímenes (c. 550-526 a.C.). Para ele, o ar ou o sopro de ar era a substância básica de todas as coisas.
É claro que Anaxímenes conhecia a teoria da água de Tales. Mas de onde vinha a água? Para Anaxímenes, a água era o ar condensado. Podemos observar que, quando chove, o ar se comprime até virar água. Anaxímenes achava que se a água fosse ainda mais comprimida ela se transformaria em terra. Talvez ele tenha visto que depois do degelo aparecem a terra e a areia. Para ele, o fogo era o ar rarefeito. Na visão de Anaxímenes, portanto, terra, água e fogo surgiam do ar.
Da terra e da água até as plantas dos campos era só um pulinho. Talvez Anaxímenes acreditasse que a terra, o ar, o fogo e a água tivessem necessariamente que estar presentes para que a vida pudesse surgir. Mas o ponto de partida propriamente dito era o ar. Ele compartilhava, portanto, da opinião de Tales, segundo a qual uma substância básica subjazia a todas as transformações da natureza.

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