Os filósofos da natureza (Parte 07/07)
UM POUCO DE TUDO EM TUDO - (Páginas 51-52.)
Outro filósofo que não se dava por satisfeito com a idéia de que determinado elemento básico – a água, por exemplo – podia se transformar em tudo o que vemos na natureza foi Anaxágoras (500-428 a.C.). Ele também não aceitava a idéia de que terra, ar, fogo ou água pudessem se transformar em ossos, pele ou cabelos.
Anaxágoras achava que a natureza era composta por uma infinidade de partículas minúsculas, invisíveis a olho nu. Tudo pode ser dividido em partes ainda menores, mas mesmo na menor das partes existe um pouco de tudo. Assim, se pele e cabelo não podem surgir de alguma outra coisa, então eles devem estar presentes também no leite que bebemos e nas comidas que comemos.
Dois exemplos atuais talvez nos mostrem o que Anaxágoras queria dizer. Hoje em dia, com a tecnologia do laser, podemos produzir os chamados hologramas. Se tomamos um holograma que representa um carro, por exemplo, e se este holograma é depois fragmentado, ainda assim continuaremos a ver a imagem do carro inteiro, mesmo que tenhamos na mão apenas a parte do holograma que antes mostrava o pára-choques. Isto porque todo o carro está presente em cada uma das minúsculas partes.
De certa forma, nosso corpo também é construído dessa forma. Se retiro uma célula da pele de meu dedo, o núcleo desta célula contém não apenas a descrição da minha pele. Na mesma célula estão também a descrição dos meus olhos, da cor da minha pele, do número e do formato dos meus dedos, etc. Em cada uma das células existe uma descrição detalhada da estrutura de todas as outras células do meu corpo. Em cada uma das células existe, portanto, “um pouco de tudo”. O todo está também na menor das partes.
Anaxágoras chamava estas partes minúsculas que traziam em si um pouco de tudo, de “sementes” ou “germens”.
Ainda nos lembramos de que Empédocles achava que o amor unia as partes para formar o todo. Anaxágoras também imaginou um tipo de força que seria responsável, por assim dizer, pela ordem e pela criação de homens, animais, flores e árvores. A esta força ele deu o nome de inteligência.
O que há de interessante ainda sobre Anaxágoras é o fato de ele ter sido o primeiro filósofo de Atenas, cuja vida conhecemos em parte. Natural da Ásia Menor, aos quarenta anos aproximadamente ele se mudou para Atenas. Ali foi acusado de ateísmo e teve que deixar novamente a cidade. Dentre outras coisas, ele disse que o Sol não era um deus, mas uma massa incandescente, maior do que a península do Peloponeso.
Anaxágoras interessava-se muito por astronomia. Ele acreditava que todos os corpos celestes eram feitos da mesma matéria que compunha a Terra. E chegou a esta convicção depois de ter examinado um meteorito. Por isto seria de se pensar que em outros planetas houvesse vida, dizia ele. Além disso, Anaxágoras explicou que a Lua não possuía luz própria, mas que tirava seu brilho da Terra. Finalmente, ele explicou como surgiam os eclipses.
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