"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Os filósofos da natureza (Parte 02/07)


OS FILÓSOFOS DA NATUREZA - (Páginas 43-45.)

Os primeiros filósofos gregos são freqüentemente chamados de “filósofos da natureza”, porque se interessavam sobretudo pela natureza e pelos processos naturais.
Já tivemos oportunidade de nos perguntar de onde vêm todas as coisas. Hoje em dia muitas pessoas acreditam, umas mais, outras menos, que em algum momento tudo surgiu do nada. Este pensamento não era muito difundido entre os gregos. Por alguma razão, eles sempre partiam do fato de que sempre existiu “alguma coisa”.
A grande questão, portanto, não era saber como tudo surgiu do nada. O que instigava os gregos era saber como a água podia se transformar em peixes vivos, ou como a terra sem vida podia se transformar em árvores frondosas ou em flores multicoloridas. Tudo isto sem falar em como um bebê podia sair do corpo de sua mãe!
Os filósofos viam com seus próprios olhos que havia constantes transformações na natureza. Mas como estas transformações eram possíveis? Como uma substância podia se transformar em algo completamente diferente, numa forma de vida, por exemplo?
Os primeiros filósofos tinham uma coisa em comum: eles acreditavam que determinada substância básica estava por trás de todas essas transformações. Não é muito fácil explicar como eles chegaram a esta idéia. Sabemos apenas que ela se desenvolveu a partir da noção de que deveria haver uma substância básica, que fosse a causa oculta, por assim dizer, de todas as transformações da natureza.
Para nós, o mais interessante não é saber que respostas esses primeiros filósofos encontraram. O interessante é saber que perguntas eles fizeram e que tipo de resposta buscavam. Mais importante para nós é saber como, e não o que eles pensavam exatamente.
Sabemos que eles colocavam questões referentes às transformações que podiam observar na natureza, na tentativa de descobrir algumas leis naturais que fossem eternas. Eles queriam entender os fenômenos naturais, sem ter que para isto recorrer aos mitos. Interessava-lhes, sobretudo, tentar entender por si mesmos os processos naturais, por meio da observação da natureza. E isto era algo completamente diferente da tentativa de explicar raios e trovões, inverno e primavera por referência a acontecimentos no mundo dos deuses.
E assim a filosofia se libertou da religião. Podemos dizer que os filósofos da natureza deram os primeiros passos na direção de uma forma científica de pensar. E com isto deram o pontapé inicial para todas as ciências naturais, surgidas posteriormente.
A maior parte de tudo o que os filósofos da natureza disseram e escreveram ficou perdida para a posteridade. E a maior parte do pouco que sabemos está nos escritos de Aristóteles, que viveu duzentos anos depois dos primeiros filósofos. Mas Aristóteles apenas sintetiza os resultados a que tinham chegado os filósofos que viveram antes dele. Isto significa que nem sempre é possível sabermos como eles chegaram às suas conclusões. O que sabemos, porém, é suficiente para podermos afirmar que o projeto dos primeiros filósofos gregos englobava questões relacionadas à substância básica por detrás das transformações ocorridas na natureza.

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