Os filósofos da natureza (Parte 05/07)
TUDO FLUI - (Páginas 47-48.)
Na mesma época de Parmênides viveu Heráclito (c. 540-480 a.C.) de Éfeso, na Ásia Menor. Para ele, as constantes transformações eram justamente a característica mais fundamental da natureza. Poderíamos talvez dizer que Heráclito, mais do que Parmênides, confiava no que os sentidos lhe diziam.
“Tudo flui”, dizia Heráclito. Tudo está em movimento e nada dura para sempre. Por esta razão, “não podemos entrar duas vezes no mesmo rio”. Isto porque quando entro pela segunda vez no rio, tanto eu quanto ele já estamos mudados.
Heráclito também nos chama a atenção para o fato de que o mundo está impregnado por constantes opostos. Se nunca ficássemos doentes, não saberíamos o que significa a saúde. Se não tivéssemos fome, não experimentaríamos a agradável sensação de saciá-la depois de uma refeição. Se nunca houvesse guerras, não saberíamos o valor da paz, e se nunca houvesse inverno, não poderíamos assistir à chegada da primavera.
Tanto o bem quanto o mal são necessários ao todo, dizia Heráclito. Sem a constante interação dos opostos o mundo deixaria de existir.
“Deus é dia e noite, inverno e verão, guerra e paz, satisfação e fome”, dizia ele. Ele emprega nesta passagem a palavra “Deus”, mas é claro que com isto não se refere aos deuses de que falavam os mitos. Para Heráclito, Deus – ou o elemento divino – é algo que abrange o mundo inteiro. Para ele, Deus se manifesta na natureza em constante transformação e crivada de opostos.
No lugar da palavra “Deus” ele emprega com freqüência a palavra grega logos, que significa razão. Mesmo quando nós, homens, não pensamos da mesma forma ou não possuímos a mesma razão, deve haver – segundo Heráclito – uma espécie de “razão universal”, que dirige todos os fenômenos da natureza. Esta razão universal – ou “lei universal” – é a mesma para todos; é a partir dela que todos se orientam. E não obstante, a maioria das pessoas vive segundo sua própria razão, dizia Heráclito. Ele não considerava muito as pessoas que o cercavam. Para ele, a opinião da maioria delas não passava de “brincadeira de criança”.
Em todas as transformações e opostos da natureza Heráclito via, portanto, uma unidade, um todo. Esta “alguma coisa” que era subjacente a tudo ele chamava de “Deus” ou de “logos”.
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