"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

A Instituição Escolar (Parte 05/09)


Seria possível uma sociedade sem escolas hoje?

No tipo de sociedade em que vivemos hoje, que são chamadas de “complexas”, uma educação informal nos moldes das sociedades tribais seria muito difícil de acontecer. As áreas do conhecimento se diversificaram em demasia, e avançam rapidamente. A ciência, a tecnologia, as artes e outras áreas se desenvolvem numa velocidade que nem mesmo os especialistas conseguem acompanhar. Imaginar que tudo poderia ser apreendido informalmente por todos seria irreal!
No entanto, existem muitas pessoas que têm buscado educação em lugares diferentes destes que chamamos de escola. As telecomunicações e a informática têm ofertado diversos cursos nos vários níveis de ensino e em várias áreas de interesse, e têm atraído pessoas que desejam atualizar-se, ou mesmo iniciar-se em alguma profissão. Se esta modalidade de educação poderá vir a substituir a escola, no futuro, ainda não sabemos. Mas tudo indica que a escola, essa nossa velha conhecida, ainda tem um longo tempo de vida.
Provavelmente você já percebeu que a escola não é o lugar que mais agrada aos jovens de sua idade. Freqüentar a casa dos amigos, andar pelas ruas, ir às baladas, trabalhar ou ficar à toa parecem coisas bem mais agradáveis e interessantes. Por que isto ocorre? Ora, adquirir novos conhecimentos, vivenciar experiências que nos auxiliem na compreensão de nosso mundo e nos façam sentir integrantes na construção da cultura das sociedades, são atitudes que fazem parte da natureza humana. Sem a curiosidade, a vontade de aprender e de buscar formas diferentes para realizar suas tarefas cotidianas, certamente não teríamos saído da idade da pedra, não teríamos desenvolvido a tecnologia, as ciências, as artes, enfim, em todas as áreas, o ser humano não cessa a busca por novas alternativas que visem a melhora da qualidade de vida. Você poderá dizer que isso ocorre por interesses de mercado. Certo. No entanto, isso não quer dizer que não seja necessário estudo, pesquisa, persistência, disciplina...
Para nos auxiliar na reflexão a respeito da função disciplinadora da escola, podemos recorrer às idéias de um filósofo francês – Michel Foucault (1926-1984). Este pensador realizou estudos comparativos entre algumas instituições como prisões, conventos, quartéis e escolas, buscando desvelar suas semelhanças no que se refere aos aspectos de organização e controle. Para Foucault, mais importante do que um poder centralizador e visível, são os “pequenos” poderes que abarcam todo o espaço social, e dos quais não conseguimos escapar, porque estão dispersos. É o espaço físico, o mobiliário, as regras, os olhares vigilantes, as ameaças e as punições agindo sempre no sentido de controlar nossos corpos e nossas consciências, de nos fazermos “úteis”, “dóceis”, treinados para a obediência.

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