"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Os filósofos da natureza (Parte 04/07)


NADA PODE SURGIR DO NADA - (Páginas 46-47)

Os três filósofos de Mileto acreditavam em uma – e só uma – substância primordial, a partir da qual tudo se originava. Mas como uma substância era capaz de subitamente se modificar e se transformar em algo completamente diferente? Vamos chamar este problema de o problema da transformação.
A partir de 500 a.C., aproximadamente, viveram na colônia grega de Eléia, no Sul da Itália, alguns filósofos. Esses “eleatas” interessavam-se por questões como esta que acabamos de mencionar. O mais conhecido entre eles foi Parmênides (c. 540-480 a.C.).
Parmênides acreditava que tudo o que existe sempre existiu. Este era um pensamento muito corrente entre os gregos, para quem era praticamente evidente que tudo o que existe no mundo sempre existiu. Nada pode surgir do nada, dizia Parmênides. E nada que existe pode se transformar em nada.
Mas Parmênides foi mais longe do que a maioria dos outros. Ele considerava totalmente impossível qualquer transformação real das coisas. Nada pode se transformar em algo diferente do que já é.
É claro que Parmênides sabia das constantes transformações que ocorrem na natureza. Mas ele não conseguia harmonizar isto com aquilo que sua razão lhe dizia. E quando era forçado a decidir se confiava nos sentidos ou na razão, decidia-se pela razão.
Todos nós conhecemos a frase “Só acredito vendo”. Mas Parmênides não acreditava nem quando via. Ele dizia que os sentidos nos fornecem uma visão enganosa do mundo; uma visão que não está em conformidade com o que nos diz a razão. Como filósofo, ele achava que sua tarefa consistia em desvendar todas as formas de “ilusão dos sentidos”.
Esta forte crença na razão humana é chamada de racionalismo. Um racionalista é aquele que tem grande confiança na razão humana enquanto fonte de conhecimento do mundo.

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