O Destino (Parte 01/03)
O DESTINO - (Páginas 65-66.)
Bom dia mais uma vez, minha cara Sofia! Por precaução, quero dizer expressamente que você nunca deve tentar me seguir. Nós nos encontraremos algum dia, mas sou eu quem vai estabelecer quando e onde isto deve acontecer.
É isto. Você não vai querer ser desobediente, vai?
Bem, vamos retomar o tema de nossos filósofos. Vimos como eles tentaram encontrar explicações naturais para as transformações da natureza e que, antes deles, tais transformações eram explicadas pelos mitos.
Mas também em outras áreas era preciso tirar do caminho antigas superstições. E podemos constatar isto tanto no que diz respeito à saúde e doença quanto no que se refere à política. Nestes dois domínios, os gregos tinham sido absolutamente fatalistas até então.
“Ser fatalista” significa acreditar que tudo o que vai acontecer já está determinado previamente. Esta noção pode ser encontrada no mundo todo, tanto hoje quanto em qualquer outro momento da história. Aqui no Norte da Europa, as sagas de famílias islandesas, por exemplo, nos revelam uma forte crença na Providência.
Entre os gregos, bem como em outros povos, também encontramos a noção de que os homens são capazes de “ver” o seu destino através de diferentes oráculos. Isto significa que o destino de um homem ou de um Estado pode ser previsto de diferentes formas e interpretado a partir de certos “presságios”.
Até hoje, muita gente acha possível ler a sorte nas cartas do baralho, nas mãos das pessoas ou nas estrelas do céu.
Também é muito comum a “leitura da sorte” no café que sobra no fundo da xícara, depois que alguém o bebeu. Talvez este resto de café forme no fundo determinada imagem, um desenho (e é claro que, para enxergá-lo, precisamos contar com a ajuda da nossa imaginação). Se este desenho se parece com um carro, isto talvez signifique que a pessoa que bebeu o café logo vai fazer uma longa viagem de carro.
Vemos que o “adivinho” tenta adivinhar algo que de fato não pode ser adivinhado. Isto é típico da arte de prever o futuro. E justamente porque é tão vago aquilo que essas pessoas “pré-vêem”, em geral é muito difícil rebater o que o adivinho nos diz.
Quando olhamos o céu estrelado, o que vemos é um verdadeiro caos de pontinhos luminosos. Não obstante, ao longo da história muitas pessoas acreditaram que as estrelas podiam nos dizer alguma coisa sobre a nossa vida na Terra. Até hoje existem muitos políticos que pedem conselhos a astrólogos antes de tomar decisões importantes.
Extratos da obra de GAARDER, Jostein.
O Mundo de Sofia. Romance da História da Filosofia.
São Paulo: Cia das Letras, 1996.
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